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ELEIÇÕES 2020

‘É bobagem’, diz Jilmar Tatto sobre pedido público de Suplicy por prévias do PT

Considerado favorito para concorrer à prefeitura da Capital, Tatto explica que basta Suplicy se candidatar para que as prévias do partido obrigatoriamente sejam realizadas

Bruno Hoffmann

Publicado em 30/01/2020 às 16:01

Atualizado em 30/01/2020 às 18:06

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Jilmar Tatto é candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PT / Divulgação

A escolha de quem será o pré-candidato à prefeitura de São Paulo pelo PT está agitando o partido. O favorito neste momento é o secretário nacional de Comunicação da legenda, Jilmar Tatto, um nome com alta influência no ambiente interno do PT mas ainda um rosto desconhecido do grande público.

Jilmar ficou no foco após o ex-prefeito Fernando Haddad garantir não ter a intenção de se lançar candidato neste ano. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, tentaram convencer os sete pré-candidatos (Jilmar Tatto, Eduardo Suplicy, Carlos Zarattini, Paulo Teixeira, Alexandre Padilha, Nabil Bonduki e Kika Silva) a abrirem mão das prévias internas para a escolha de um nome de consenso. Não houve acordo.

Um dos que desejam as prévias é o vereador Eduardo Suplicy, que sonha em se tornar prefeito da capital paulista. Ele até escreveu uma carta aberta à Gleisi Hoffmann pedindo para que haja o processo. De acordo com Tatto, a carta de Suplicy foi “desnecessária” por bastar haver dois candidatos para que as prévias petistas obrigatoriamente sejam realizadas. “O Suplicy escreve o que ele quiser, conversa com quem ele quiser, mas isso é bobagem. Já está dado que vai ter prévia”, diz Tatto.

Nesta entrevista exclusiva à Gazeta, Tatto explica como deve ser o processo para a escolha do candidato da sigla, exalta seu passado como secretário de Mobilidade e Transportes da cidade e se diz confiante de que o partido volte a ter um prefeito na Capital em um momento de ascensão conservadora. “Se acertarmos na nossa tática eleitoral, em um programa inovador, ousado, que dialoga diretamente com o povo, vamos derrotar a direita e a extrema direita na cidade de São Paulo. Não tenho dúvidas disso”.

O “Estadão” publicou nesta semana que houve um excesso de pré-candidatos no PT para reagir ao seu favoritismo. É verdade?

Não. Nós fizemos uma reunião com o presidente Lula e a presidente Gleisi na terça-feira em função da importância que tem a cidade de São Paulo para o cenário nacional, e até internacional, e a importância de defender o nosso legado, o legado dos governos Lula e Dilma, e também do legado dos nossos três governos na cidade, de [Luiza] Erundina, Marta [Suplicy] e Haddad. É um processo de debate interno, de forma unitária, de alto nível. Na última prévia que teve, quando o PT escolheu Haddad, eu participei dos 32 debates. E no fim todos retiraram a candidatura e apoiaram Haddad. Na medida que você vai debatendo, vai conversando, os próprios candidatos aferem quem tem maioria, quem tem melhores condições de disputar, e às vezes acabam desistindo do processo. Se não desistirem, a regra do PT é clara: se tiver pelo menos dois candidatos, vai ter a prévia.

Parte do partido acha o sr. um nome menos midiático do que o Suplicy ou o Haddad, por exemplo...

Claro que sou. O Suplicy foi sete vezes candidato majoritário. Eu fui uma vez só, para o Senado. Se eu tivesse sido sete vezes com certeza teria o mesmo patamar do Suplicy. E o Haddad foi prefeito de São Paulo, ministro da Educação e candidato à presidência da República. O povo conhece muito mais eles do que eu, isso é claro. Por isso que acho que tem que escolher o mais rápido possível o candidato do PT, principalmente se não for o Haddad, no sentido de esse candidato preparar o projeto de governo, preparar a chapa de vereadores, dialogar com os outros partidos progressistas, dialogar com a sociedade civil, com o movimento social, enfim, com a base social do PT.

Até outubro é possível se tornar um nome mais conhecido do público?

O PT é bastante forte, governou a cidade três vezes. Qualquer candidato do PT, com apoio do Lula, do Haddad, da militância, se torna conhecido na campanha eleitoral. Com a campanha na televisão, no rádio e agora nas redes sociais, se torna um candidato conhecido. O povo tem o PT como referência.

O sr. se considera o pré-candidato favorito do PT neste momento?

Não. A eleição é como mineração: a gente só sabe o resultado depois da apuração.

Vai ter a prévia?

Como disse, se tiver dois candidatos, vai ter prévia. A regra é muito clara no PT. Vamos para a prévia, e quem perder apoia o outro. Esse foi o espírito da reunião que fizemos com o presidente Lula.

O Psol, o PCdoB e o PDT anunciaram que vão lançar candidatos próprios na Capital. O PT se sente isolado pelos outros partidos de esquerda em São Paulo?

Quando se tem segundo turno, cada partido gosta de se apresentar para a população. Ainda mais agora com a mudança dessa regra de não ter mais coligação proporcional, é natural que os partidos busquem a sua própria identidade para não sumir, para aparecer no cenário nacional. Com certeza, o PDT, o PCdoB e o Psol têm essa preocupação também, que a gente tem que entender, é natural. Se a gente não estiver com eles no primeiro turno, vai estar no segundo turno. Até porque esse debate vai acontecer ainda em nível nacional. Faço parte da direção nacional, sou secretário de Comunicação, e vamos debater com esses partidos, não só em São Paulo. Vamos debater em Porto Alegre, Rio de Janeiro, Belém, Belo Horizonte, no sentido de dignificar onde podemos estar juntos no primeiro turno. E, se não no primeiro turno, no segundo turno.

O Suplicy fez uma carta aberta à Gleisi Hoffmann pedindo para haver prévias em São Paulo. Como o sr. viu esse movimento do Suplicy de pedir por prévias publicamente?

Desnecessário. Se tiver dois candidatos tem prévia, é a regra do PT. Independe do Lula, independe da Gleisi. O Suplicy escreve o que ele quiser, conversa com quem ele quiser, mas isso é bobagem. Já está dado que vai ter prévia.

A partir de dois candidatos, nem o presidente Lula decide se vai ou não ter prévia?

Claro que não. Pode haver uma articulação política para fazer um processo que mantenha o PT de forma unitária. Às vezes as prévias esgarçam o PT, divide. Nós tivemos já exemplos do PT se dividir no meio, de quem perdeu não fazer campanha para o outro. Essa é a maior preocupação. Se pudermos evitar a prévia, menos ruim. Agora, se tiver, vamos fazer.

Por que o sr. se considera o melhor nome do PT para São Paulo neste momento?

Eu conheço a cidade mais do que ninguém. Eu implantei o bilhete único, implantei mais de 400 quilômetros de faixa exclusiva de ônibus, implantei o sistema cicloviário na cidade de São Paulo, implantei almoço e janta nas escolas no governo da Marta, fui o responsável pela educação nas subprefeituras, fui presidente do PT da Capital. Além disso, coordenei a campanha da Luiza Erundina por uma vez, fui deputado federal por duas vezes, e na última tive 190 mil votos só na Capital, e 250 mil votos no total, fui deputado estadual com 80% da votação na cidade de São Paulo. Reestruturei todo o sistema de transporte da cidade, que estava um caos quando assumi a Secretaria de Transportes. Conheço cada bairro da cidade de São Paulo. Estou preparado. Tenho experiência, tenho currículo, acho que sou a renovação. Podemos fazer uma gestão moderna, inovadora, de esquerda, fazendo o debate nacional e defendendo o legado do presidente Lula, da presidenta Dilma, e das nossas três administrações em São Paulo. Me acho o melhor candidato.

Muitos analistas acreditam que em 2020 ainda haverá crescimento da direita no cenário político. Está confiante mesmo assim?

Se acertarmos na nossa tática eleitoral, acertar no programa inovador, ousado, que dialoga diretamente com o povo, vamos derrotar a direita e a extrema direita na cidade de São Paulo. Não tenho dúvidas disso.

Se o Haddad decidir ser o candidato do PT, o sr. retira a sua pré-candidatura?

Se o Haddad quiser ser candidato terá o meu apoio.

Ele é o único consenso do PT?

É o único consenso.

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