Neste que poderia ser um texto apenas sobre a grande vitória do Mirassol sobre o Palmeiras ou sobre a derrapada dos candidatos a participarem da próxima Libertadores, novamente Neymar puxou os holofotes, infelizmente, de maneira negativa.

Neymar é, sem sombras de dúvidas, o melhor jogador do Santos. Voltando de lesão talvez até antes do previsto, foi poupado do sintético do Allianz para conseguir fazer o Santos pontuar contra o Flamengo. É importante lembrar que no primeiro turno o Peixe venceu, com gol marcado exatamente pelo camisa 10.

O lance em que Neymar vai buscar a bola na defesa para evitar um chutão e, ao tocar a bola para o defensor, o vê rifá-la lá para frente é simbólico: o Santos precisa dele. Mas, o fato de que a equipe marcou dois logo após a saída do jogador, também deixa uma mensagem simbólica: não é deste Neymar que o clube precisa neste momento.

Vontade claramente não faltou. O craque, durante o intervalo até chegou a dizer que a equipe deveria passar mais a bola para ele para tentar ter mais chances de marcar. Não foi uma grande noite para ele, acontece, futebol tem dessas coisas. Contudo, a repercussão não cai bem, na verdade, é o pior timing possível para que ela aconteça.

Após ficar de fora de mais uma convocação de Ancelotti, o antes protagonista brasileiro precisa fazer uma sequência perfeita para convencer Ancelotti de que merece jogar. Talvez nem precise ser tão perfeita assim, uma vez que John (reserva do Nottingham Forrest) e Richarlison (com atuações ruins) foram convocados.

As reclamações com os companheiros, as ofensas contra o árbitro, até a raiva e incredulidade ao ser substituído, tudo mostra que Neymar se importa, que quer mudar o panorama atual. Tirando a paixão pelo clube, também seria desastroso o jogador ter um rebaixamento no currículo, restando menos de um ano para o próximo Mundial, o último que ele terá a chance de atuar.

Para quem torce e acredita no Neymar na próxima Copa, algo precisa mudar, não se sabe como, mas sim quando: agora.

Talvez se espere do Neymar mais do que ele mesmo ainda espera entregar fisicamente. As limitações físicas após sequências de lesões, a readequação ao ritmo de jogo, apenas ele sabe quanto ele realmente ainda consegue entregar, dentro do seu novo limite. Para isso, é necessário que o Santos tenha algo que quase clube nenhum tem hoje em dia: transparência. Para mostrar qual a condição atual de Neymar e o que ele ainda pode entregar até dezembro.

No mais, o Peixe de Vojvoda se vê em uma conclusão que ditou os rumos dos clubes nos últimos anos: do aperto, coloque a base. Deixa ela tentar resolver. Os Meninos da Vila seguem sendo a esperança do torcedor, seja ele Souza, Bontempo, Robinho Jr. ou qualquer outra promessa. E nisso o Neymar também precisa ter um papel de destaque.

Classificação culposa à Libertadores: quando não há a intenção de se classificar

Para fechar, foi um fim de semana que mostrou que, tirando os três primeiros da tabela, só o Mirassol consegue seguir entregando um futebol que mereça estar na próxima Libertadores.

O time do interior fez a festa contra os grandes, incluindo os do próprio estado de São Paulo: seis pontos (em seis) contra o São Paulo, quatro contra o Palmeiras e três contra o Corinthians. Resta um jogo contra o Peixe, o qual já venceu em seus domínios lá no interior, por goleada, no primeiro turno.

Invicto dentro de casa, o Mirassol venceu e jogou melhor que o Palmeiras ajudando a embolar o campeonato.

Botafogo segue inconstante rodada após rodada, mas deve garantir uma vaga. Bahia e Fluminense, fortíssimos dentro de casa e mal fora, também devem as outras vagas.

Já o São Paulo, que bizarramente se deu ao luxo de perder o MorumBis na reta final da temporada, sente na pele esta ação da diretoria: seis pontos disputados como mandante fora do seu estádio, apenas um conquistado. Classificação para a próxima Libertadores totalmente em xeque.

Corinthians e Vasco, antes embalados, acumulam derrotas indefensáveis, demonstrando que o sonho deles será focado realmente na Copa do Brasil.

Ceará e Bragantino se juntam ao bolo e podem surpreender. E o mais novo candidato apresentou suas credenciais: o Atlético-MG, de Jorge Sampaoli.

Encaixou muito bem o time na Sul-Americana, chegando a final, e passou a somar pontos e subir na tabela do Brasileirão, se tornando um candidato forte a se classificar para a próxima Libertadores mesmo se perder a final continental (em que é muito favorito).