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OPINIÃO

Prejuízo irreparável

Enquanto não houver uma vacina, colocar milhões de alunos dentro da escola significaria dar ao coronavírus a chance de voltar a se espalhar em grande escala

Bruno Hoffmann

Publicado em 31/07/2020 às 19:11

Atualizado em 31/07/2020 às 19:13

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Em janeiro, os estudantes farão uma avaliação para diagnosticar o nível do conteúdo assimilado por eles / Robson Ventura/Folhapress

Retomar é preciso. A questão é a que preço essa retomada está sendo realizada. Comércios abertos, restaurantes tentando se adaptar aos novos horários, futebol sem torcida e, nesta semana, a polêmica sobre a volta às aulas. Apesar de a prefeitura de São Paulo reafirmar que não há uma data específica para isso acontecer, um projeto de lei aprovado em primeira votação na Câmara, na última quarta-feira, reacendeu a discussão sobre colocar milhões de crianças e adolescentes em convívio em um momento em que “isolamento” é uma das palavras mais ditas e escritas pelo País.

O governo ressalta que as aulas só voltam caso os indicadores de saúde sejam atingidos. A principal justificativa para o projeto estar em discussão agora é o planejamento. O retorno ao ambiente escolar impacta não só escola e aluno, mas a comunidade como um todo, de escolas públicas e particulares.

Dentro do projeto enviado pela prefeitura à Câmara estão medidas como a aprovação automática dos alunos, aulas de reposição, além da previsão de gastos com auxílio para uniforme e material escolar, contratação emergencial de professores e auxiliares e compra de vagas em instituições privadas.

Este último item, o mais polêmico, leva em conta que talvez haja um aumento grande no número de alunos que devem migrar da rede particular de ensino para as escolas públicas, o que acarretaria em falta de vagas. A oposição acusa a prefeitura de ilegalidade, já que utilizaria verba pública em benefício de entidades privadas.

A segunda votação acontece na próxima semana, mas de concreto mesmo o projeto só acalorou as discussões sobre a crise sem precedentes que teremos na educação do país todo. Enquanto não houver uma vacina aprovada, colocar milhões de alunos dentro da escola significaria dar ao coronavírus a chance de voltar a se espalhar em grande escala.

Um estudo americano mostra que, para garantir um ambiente relativamente seguro, todos os alunos teriam que ser testados a cada dois dias na volta às aulas. Mesmo assim, a medida, impossível de se aplicar na prática não evitaria que pelo menos 10% dos alunos fossem infectados.

Discutir como será a volta é importante. Porém medidas urgentes deixaram de ser tomadas e planejadas pelo poder público. Uma delas era garantir alimentação para alunos durante a pandemia, acesso ao ensino remoto e tantas outras lacunas que ficaram para trás. Os prejuízos maiores no aprendizado, esses irreparáveis, só serão dimensionados no pós-pandemia.

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