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Cotidiano

Adolescente é despido, amordaçado e chicoteado por furtar chocolate

Matheus Herbert

04/09/2019 às 01:00

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De um lado, sacos de cebola. De outro, caixas de melancias, verduras e legumes. E no centro do cubículo: um adolescente negro, amordaçado e nu. Em cárcere privado, a vítima é colocada nessa posição para uma sessão de tortura.

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As chibatadas, assim como na época da escravidão, são direcionadas às costas do jovem. A agressão foi registrada em vídeo gravado num aparelho celular. Um dos agressores ri e manda o adolescente se virar.

Num claro ato de zombaria, um dos agressores diz: "não quebrou nada". Trabalho bem executado, quis dizer um dos agressores quando avisa o adolescente que nenhum osso dele foi afetado. Um dos agressores ainda avisa. "Vai tomar mais uma [chibatada] para a gente não te matar. Você vai voltar?"

O espancamento gravado em vídeo dura 40 segundos e ocorreu numa manhã do mês de agosto dentro de uma unidade da rede Ricoy, na zona sul da capital paulista. As imagens foram parar nas redes sociais e forçaram a polícia a abrir um inquérito na segunda-feira - um mês depois do ocorrido. Foi nos fundos da unidade localizada na avenida Yervant Kissajikian, na Vila Joaniza, que o adolescente foi torturado por dois seguranças da loja.

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No boletim que relata a ocorrência, o adolescente foi torturado porque furtou barras de chocolates do estabelecimento. Assim que deixou a loja, a vítima diz ter sido abordada por um dos seguranças apelidado de Santos. Ambos já se conheciam, segundo a polícia. Ameaçado, o adolescente foi levado por Santos e mais um segundo segurança, conhecido como Neto, para um cômodo utilizado como depósito de mercadorias. O adolescente diz que permaneceu por 40 minutos no local e que lá foi agredido o tempo todo.

Para o advogado Ariel de Castro Alves, que também integra o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, os agressores queriam exaltar "os atos bárbaros e cruéis com a gravação". "Ela demonstra até um certo sadismo", disse. A tortura é um crime hediondo e ocorre quando alguém é submetido, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental. A lei 9455 de 1997 prevê penas de 2 a 8 anos aos acusados.

O adolescente seria submetido ontem a exames de corpo de delito. O Conselho Tutelar de Cidade Ademar também acompanha o caso e vai solicitar assistência psicológica à vítima.

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A rede supermercadista Ricoy informou que os seguranças foram afastados de suas funções. Eles ainda não se apresentaram à polícia. (FP)

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