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Rafael dos Santos Tercilio Garcia foi enterrado na última terça-feira (26) | Reprodução/Redes sociais
Seis dias após o torcedor do São Paulo, identificado como Rafael dos Santos Tercilio Garcia, ter sido morto por uma "bean bag" - munição usada somente pela PM em São Paulo -, o governador do Estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos) lamentou a morte do torcedor e disse que os protocolos da Polícia Militar (PM) serão reanalisados, revisados e ajustados.
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"Quando acontece um acidente, ele vai ter acontecido por quebra de protocolos. Os protocolos estabelecem distância de segurança para utilização de armamento não letal, enfim. Então isso vai ser completamente investigado pra fazer os ajustes tem termos de procedimentos e que tem que ser ajustados", disse Tarcísio, neste sábado (30) em entrevista à Rádio CBN.
"A gente lamenta profundamente esse tipo de ocorrência. Era um dia de festa, não é pra gente tá lamentando a morte de ninguém. É muito triste que isso aconteça. E obviamente isso implica em reanálise e revisão e ajuste", declarou.
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Torcedor foi morto por "bean bag"
Rafael foi morto no dia 24 de setembro após uma munição disparada atingir sua nuca. A "bean bag" atingiu o homem durante confronto entre a PM e torcedores do lado de fora do Estádio do Morumbi, na Zona Sul da Capital.
Naquela ocasião, os torcedores comemoravam o título da Copa do Brasil do São Paulo sobre o Flamengo. A corporação afirma que munição "de menor potencial ofensivo" foi usada para conter os são-paulinos que estariam promovendo atos de violência.
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Tarcísio prometeu mudanças nos protocolos da PM. Além disso, a própria corporação admitiu ter usado "bean bags", juntamente com balas de borracha, no confronto do dia 24. A munição é de uso exclusivo dela.
Apesar disso, a Polícia Civil, que investiga o caso, ainda aguarda os resultados dos laudos periciais e dos depoimentos de testemunhas para confirmar se o tiro que matou Rafael foi dado por um policial militar. O caso é investigado como homicídio durante tumulto pelo Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Uma "bean bag" foi encontrada presa a nuca do são-paulino. O disparo perfurou o boné que ele usava. Segundo a perícia da Polícia Técnico-Científica, Rafael foi morto pelo disparo. A causa da morte foi traumatismo craniano em decorrência do impacto. Ele tinha 32 anos e possuía deficiência auditiva.
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Mãe da vítima cobra justiça
Vilma Custódio dos Santos, mãe do são-paulino morto, foi nesta segunda-feira (2) depor na delegacia que investiga o crime.
"Vim conversar com a polícia para pedir que seja esclarecido o caso. O que eu mais desejo agora é justiça. Eu quero justiça. Ele não volta mais. Não posso deixar isso ser esquecido", falou Vilma, em frente ao DHPP.
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"Queremos que a PM [Polícia Militar] seja proibida de usar essa munição menos letal que matou meu filho", disse Vilma na semana passada ao g1. Mesmo não presente no momento do confronto, ela poderá dar detalhes da vida pessoal do filho, com quem poderia estar no dia que foi morto.
"Também quero saber quem matou meu filho. Tudo indica que tenha sido um policial militar. Afinal de contas só a PM essa 'bean bag' em São Paulo. Se não foi a PM, quem foi? Algum policial deu a munição e a arma para outra pessoa atirar? Difícil acreditar nisso", afirmou Vilma.
A Polícia Militar também investiga quais foram os policiais militares que usaram "bean bags" no domingo passado. O objetivo é tentar saber se algum dos agentes poderia ter disparado contra Rafael.
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Apesar da confirmação de que foi uma "bean bag" que matou o são-paulino, a corporação informou continuará usando a munição e que nenhum dos PMs que participaram da ação foi afastado dos trabalhos de patrulhamento nas ruas. A PM paulista adotou as "bean bags" em 2021. Esse tipo de munição é disparada por uma espingarda calibre 12.
Sobre as "Bean Bags"
As "bean bags" são munições menos letais do que as balas de borracha. A Polícia Militar de São Paulo começou a usá-las em 2021, após descobrir um problema de fabricação nas balas de borracha que a corporação utilizava.
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Contudo, essas munições precisam ser disparadas a, no mínimo, 6 metros de distância, conforme os protocolos da própria PM. Dessa maneira, a regra foi desobedecida por algum dos PMs presentes no confronto, o que foi fatal para a morte do torcedor.
Outro erro cometido pela PM no confronto, foi o local em que o tiro atingiu Rafael. A munição "Bean Bag" foi projetada para atingir somente os membros inferiores do corpo. Os fabricantes deste tipo de munição alertam que, se atingir a cabeça, pescoço, tórax ou coluna, podem causar lesões irreversíveis e inclusive a morte. Ou seja, a instrução de mira do disparo não foi seguida.
Além disso, as "bean bags" não são polêmicas apenas no Brasil. Na Austrália, a polícia parou de utilizá-las em algumas áreas do país após uma mulher morrer também neste mês de setembro ao ser atingida no peito por uma dessas munições.
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