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Cotidiano

EUA enviam mísseis à Ucrânia; Rússia critica, faz manobra nuclear e anuncia hipersônico

Joe Biden confirmou a disponibilização de mísseis de médio alcance sistemas para os ucranianos

01/06/2022 às 10:00  atualizado em 01/06/2022 às 10:04

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O presidente da Rússia, Vladimir Putin

O presidente da Rússia, Vladimir Putin | Pedro Ladeira/Folhapress

Enquanto a Rússia chega perto do objetivo de conquistar a província de Lugansk, no leste da Ucrânia, Estados Unidos e Alemanha anunciaram o envio de armas avançadas há muito requisitadas por Kiev em sua luta contra a invasão que começou há 98 dias.

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A reação russa foi imediata, motivada principalmente pela informação de que o presidente Joe Biden confirmou o envio de sistemas M142 Himars (Sistema de Foguetes de Artilharia de Alta Mobilidade, na sigla inglesa) para os ucranianos. São lançadores de mísseis de médio alcance, 80 km.


"É extremamente negativo", disse o vice-chanceler Serguei Riabkov à agência RIA-Novosti, afirmando que a medida coloca as duas potências nucleares sob risco de um enfrentamento. De seu lado, o Kremlin reagiu de forma algo previsível: divulgou um exercício de forças nucleares e a entrada em serviço de mais um míssil hipersônico em seu arsenal.


Não há detalhes sobre quando e como os sistemas de artilharia serão enviados, mas a experiência recente mostrou que os EUA podem fazê-lo de forma rápida. Não deverá, contudo, ser suficiente para evitar a queda de Severodonetsk, última cidade importante de Lugansk sob ataque duro russo.

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O governador da província, que integra o Donbass ao lado da de Donetsk, Serhii Haidai, disse que Moscou virtualmente controla a cidade, 70% ocupada. Se finalizar o serviço ali, Putin poderá concentrar forças para tentar tomar o resto de Donetsk e cumprir o que anunciou como objetivo nesta fase da guerra -se vai aproveitar e parar por aí, é outra história.


Apesar do passo, houve certo comedimento por parte dos EUA. Segundo informações extraoficiais, o modelo do Himars a ser entregue tem alcance de 80 km, enquanto há versões que chegam a quase 300 km. Essas haviam sido negadas por Biden na segunda (30), por representar o risco de ataques em território russo, e consequente escalada que vê no fim do caminho uma Terceira Guerra Mundial.


O próprio presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, afirmou na noite de terça que seu país não usaria tais mísseis contra o solo do vizinho, apenas para tentar expulsá-lo. As armas fazem parte do novo pacote de armas americanas para Kiev, de US$ 700 milhões. A argumentação não convenceu os russos, cuja concentração de forças na região de Kursk com alegação defensiva tem levantado suspeitas de novas ações pelo nordeste ucraniano.

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Não ajudou no clima um segundo anúncio na manhã desta quarta (1º) feito pelo primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz, de que seu país iria colocar à disposição de Zelenski o sistema antiaéreo Iris-T SL, "o mais avançado à disposição da Alemanha".


Como toda medida do tipo de Berlim, é melhor esperar para ver, já que os blindados de defesa antiaérea prometidos há mais de um mês até agora não apareceram em campo. Os alemães são vistos em Kiev como apoiadores velados de Putin, dado que os russos são fornecedores de boa parte de sua energia -o embargo ao petróleo russo passou por uma negociação que dá tempo ao país para buscar alternativas.


O Iris-T SL é a versão de curto e médio alcance lançada de terra, com um míssil com guiagem por radar, do modelo com busca infravermelha usada por aviões -comprado pela Força Aérea Brasileira para seu novo caça, o Gripen.

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Além da queixa de Riabkov, cerca de mil soldados estão em exercícios de prontidão para uso de armas nucleares na região de Ivanono, noroeste de Moscou. Segundo o Ministério da Defesa da Rússia, cem veículos estão envolvidos na manobra, incluindo lançadores móveis do míssil intercontinental Iars.


Desde o começo do conflito, Vladimir Putin utiliza a variável nuclear para tentar dissuadir o Ocidente de se envolver mais diretamente na Guerra da Ucrânia. Faz testes pontuais em momentos de tensão, como agora. Teve sucesso inicial grande, mas a percepção crescente de que suas ameaças são apenas isso tem elevado a barra dos fornecimentos militares a Kiev.


Com efeito, é possível dizer que o fracasso de Moscou em derrubar o governo de Zelenski na fase inicial da guerra tem tanto a ver com erros estratégicos e táticos quanto com o fornecimento de armas de defesa adequadas àquele momento pelo Ocidente a Kiev.

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Agora, com a guerra concentrada e bastante violenta no leste do país, a Ucrânia tem pedido socorro extra. Zelenski disse que estão morrendo de 60 a 100 soldados ucranianos todos os dias na região, com 500 feridos, o que é uma taxa alta.


Moscou também anunciou nesta terça que irá colocar em operação seu segundo modelo de míssil hipersônico, o Tsirkon (zircão, em russo). No sábado (28), um teste bem-sucedido completou a campanha de ensaios da arma, uma das "invencíveis" divulgadas por Putin em 2018.


O Tsirkon é lançado por navios e, no teste de sábado, atingiu um alvo a 1.000 km de distância. Ele será adotado inicialmente na Frota do Norte, baseada na região de Murmansk, no Ártico. A Rússia já opera um modelo menos sofisticado de hipersônico, o Kinjal (punhal), que é lançado por aviões e já foi usado algumas vezes contra a Ucrânia.

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