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Cotidiano

Rússia agradece neutralidade do Brasil sobre guerra na Ucrânia

Agradecimento foi feito por Andrei Klimov, aliado de Putin, durante uma conversa com jornalistas brasileiros nesta quinta (25)

Leonardo Sandre

25/08/2022 às 12:40  atualizado em 25/08/2022 às 12:55

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O governo Jair Bolsonaro (PL) manteve uma certa ambiguidade em relação à guerra. Votou contra a invasão na ONU, mas não apoiou as duras sanções

O governo Jair Bolsonaro (PL) manteve uma certa ambiguidade em relação à guerra. Votou contra a invasão na ONU, mas não apoiou as duras sanções | Pedro Ladeira/Folhapress

A Rússia "agradece muito a posição do Brasil" na Guerra da Ucrânia, marcada por uma neutralidade visando manter o fluxo comercial entre os dois países. Foi o que disse Andrei Klimov, da Comissão de Cooperação Internacional do Conselho da Federação, o Senado russo, durante uma conversa com jornalistas brasileiros nesta quinta (25). Ele é uma influente voz em política externa no partido de sustentação do governo Vladimir Putin, o Rússia Unida.

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"O que o governo de vocês fez foi muito razoável. Foi o que fizeram países sábios, como a China e a Índia. Os países que não se unem às sanções [lideradas pelos EUA e Europa para punir Moscou] têm vantagens econômicas", afirmou. "Hoje o chinês compra gás russo por um preço 20 vezes menor que o alemão. Enquanto um destrói sua economia, o outro levanta a dele", disse.

O governo Jair Bolsonaro (PL) manteve uma certa ambiguidade em relação à guerra. Votou contra a invasão na ONU, mas não apoiou as duras sanções. Segundo o presidente, o objetivo era manter o fornecimento de fertilizantes ao Brasil, grande comprador do produto russo.

A posição causou críticas em Kiev. O presidente Volodimir Zelenski disse que o Brasil está no lado errado da história, em entrevista e também numa conversa por telefone com Bolsonaro.

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A posição do mandatário brasileiro é compartilhada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que teve o nome em uma lista ucraniana de pessoas que divulgam visões russas da guerra, algo depois retirado. O petista e o seu rival na corrida eleitoral foram elogiados por sua boa relação com Putin, previsivelmente, mas Klimov evitou comentar política interna do Brasil.

Já o diretor do Instituto da América Latina da Academia Russa de Ciências, Dmitri Razumovski, que acompanhava a conversa, tangenciou a polêmica dos questionamentos à urna eletrônica feitos por Bolsonaro ao dizer que espera que ambos os candidatos respeitem o resultado das eleições. Ele não fala pelo Senado ou pelo governo, contudo.

"Ambos são independentes e qualquer tentativa de outros países, inclusive dos EUA, de influenciar a política brasileira nunca deu em nada. Tentam analisar a situação de todos os lados. Que ambos os lados aceitem os resultados [em outubro]", disse.

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Klimov repassou a narrativa russa para o que o Kremlin chama de operação militar especial. Joga a culpa no Ocidente, que em 2008 convidou a Ucrânia e a Geórgia para integrar a aliança militar Otan, levando ao processo em que a Rússia anexou a Crimeia e fomentou a guerra civil no leste do vizinho, seis anos depois.

A guerra atual seria consequência, então, da preparação para o posicionamento de forças da Otan junto às fronteiras russas mais sensíveis, como o Kremlin defende.

Questionado sobre os ataques recentes na Crimeia e o atentado que matou a filha do ultranacionalista Aleksandr Dugin no sábado (20), ele afirmou que são provocações visando uma retaliação da mesma natureza por parte da Rússia. "Isso não vai acontecer, respeitamos o direito internacional", afirmou, desassombrado.

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