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CineOP mostra indígenas que usam o cinema como arma vital em Ouro Preto

A Mostra de Cinema de Ouro Preto, ou CineOP, que este ano se realiza pela 17ª vez na cidade mineira, entre 23 e 27 de junho

Natália Brito

23/06/2022 às 10:00  atualizado em 23/06/2022 às 10:11

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CineOP

CineOP | Divulgação/CineOP

Se existe uma mostra de cinema longe de qualquer sintonia com os planos do governo federal é a Mostra de Cinema de Ouro Preto, ou CineOP, que este ano se realiza pela 17ª vez na cidade mineira, entre 23 e 27 de junho.

Seu tema geral é "preservar, transformar, persistir". Ou, como afirma Raquel Hallak, coordenadora do evento, é "atuar pela salvaguarda do patrimônio audiovisual brasileiro" e "fortalecer o setor audiovisual em diálogo com a educação".

Persistir talvez seja a palavra que melhor se aplica aos indígenas. Além de constituírem uma população vulnerável e perseguida, cujas culturas são ameaçadas praticamente todo o tempo de extinção -ou talvez justamente por isso- alguns indígenas decidiram tomar em mãos a arma do homem branco e realizar seus próprios filmes.

A noite inaugural da mostra, no dia 23, homenageará os cineastas M'bya Guarani Kuaray, ou Ariel Ortega, e Pará Yxapy, ou Patrícia Ferreira, referência da produção indígena brasileira. No mais, a seção histórica da mostra será dedicada, essencialmente às imagens criadas por indígenas brasileiros que optaram por deixar de ser objeto de filmes feitos por brancos para se tornarem sujeito de suas próprias imagens.

Em todo caso, a mostra também tem a presença de obras de cineastas brancos que se dedicam à defesa dos indígenas –é uma pena notar, a propósito, a ausência de filmes de Andrea Tonacci, morto em 2016. Em paralelo, mantendo o formato híbrido, estarão em cartaz pela internet filmes como "Glauber, Claro", sobre a produção do filme de 1975, "Tempo Ruy", sobre Ruy Guerra, e "O Bom Cinema", sobre o cinema marginal.
A mostra de preservação da CineOP também terá uma temática que poderia se aplicar aos indígenas.

"Resistência e resiliência" são as palavras de ordem que presidirão as mesas, que terão a presença, entre outros, de Maria Dora G. Mourão, diretora-geral da Cinemateca Brasileira, Luiz Joaquim, do Museu da Imagem e do Som de Pernambuco, e Valquíria Salgado Quilici, do Centro Técnico Audiovisual.

No centro dos debates estará a ausência de políticas públicas destinadas às atividades de preservação e restauro. Para enfatizar a distância que nos separa das boas práticas do setor será exibido "História da Guerra Civil", que Dziga Vertov fez em 1921, juntando os pedaços que filmara naqueles anos de guerra na Rússia.

O filme já esteve no festival É Tudo Verdade, e desta vez será apresentado com a presença do pesquisador Luis Felipe Labaki, autor de um livro sobre o cineasta, que discorrerá sobre o restauro desse filme até então quase inédito –originalmente só foi feita uma cópia para uma apresentação única num congresso do Partido Comunista soviético.

É quase inevitável a pergunta –até que ponto um país relativamente pobre e com problemas tão urgentes a resolver pode se dedicar a uma questão em princípio tão lateral e dispendiosa? Convém lembrar que até conseguir exibir seus filmes com certa regularidade nos cinemas, os cineastas chamaram a atenção para o tema cinema por várias décadas.

Depois do recente incêndio em um dos depósitos da Cinemateca Brasileira ficou um tanto claro que produzir, exibir, preservar e restaurar filmes são, a rigor, uma coisa só e a questão da memória não diz respeito ao passado, mas ao presente e ao futuro. Isso é o que move a CineOP deste ano.

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17ª CINEOP - MOSTRA DE CINEMA DE OURO PRETO
Quando Até segunda (27)
Onde Online no site da CineOP e presencial no Centro de Convenções - r. Diogo Vasconcelos, 328 e Praça Tiradentes, Ouro Preto
Preço Grátis
Link: https://cineop.com.br/

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