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Musical resgata a trajetória de Herbert Daniel, ativista gay que enfrentou a ditadura | Divulgação
Com texto e direção de Zé Henrique de Paula e músicas de Fernanda Maia, o Núcleo Experimental reestreia o musical “Codinome Daniel”, uma homenagem ao jornalista, escritor e ativista Herbert Daniel (1946–1992).
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A nova temporada marca o início das celebrações pelos 20 anos do grupo e ficará em cartaz na sede da companhia, na Barra Funda, até o dia 17 de dezembro, com sessões de segunda a quarta, às 20h.
Ao longo de duas décadas, o Núcleo Experimental consolidou uma pesquisa contínua sobre a relação entre teatro e música, especialmente no desenvolvimento de musicais brasileiros originais voltados a temas urgentes e a grupos historicamente silenciados.
Dessa tradição de pesquisa surge o musical ‘Codinome Daniel’, que traz à cena a trajetória ainda pouco conhecida de Herbert Daniel, revolucionário gay que enfrentou a ditadura militar e setores da própria esquerda que reproduziam homofobia.
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Mineiro, estudante de medicina da UFMG e militante da luta armada, Herbert participou de assaltos a bancos e dos sequestros de diplomatas estrangeiros que possibilitaram a libertação de presos políticos nos anos 1960 e 1970.
Na clandestinidade, assumiu sua homossexualidade em meio à repressão da ditadura e ao preconceito dentro da guerrilha, na qual a orientação sexual era considerada “desvio” ou “fraqueza moral”. Tornou-se um dos “subversivos” mais procurados pelo regime militar até se exilar em 1974, primeiro em Portugal e depois na França, onde contraiu HIV.
Último dos anistiados a retornar ao Brasil, Herbert se tornou uma das vozes mais influentes na luta pelos direitos das pessoas vivendo com HIV/Aids.
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Fundou o grupo Pela Vidda, uma organização não-governamental cujo compromisso é, até hoje, promover a integração de pessoas convivendo com HIV, foi um dos criadores do Partido Verde e passou pelo PT, articulando pautas ambientais, feministas, negras e LGBTQIAPN+.
Formulou a Declaração dos Direitos Fundamentais da Pessoa Portadora do Vírus da Aids e difundiu o conceito de “morte civil”, a exclusão social imposta aos soropositivos. Herbert Daniel morreu em 1992, aos 46 anos.
“Ele trouxe ideias revolucionárias para enfrentar a doença e o preconceito, válidas até hoje”, afirma o historiador norte-americano James Green, autor da biografia “Revolucionário e Gay: A extraordinária vida de Herbert Daniel” (2018), principal referência da dramaturgia do espetáculo.
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O teatro, paixão inicial de Herbert e área em que também se destacou como dramaturgo, torna-se aqui ferramenta para recuperar sua memória e conectar novas gerações aos debates sobre democracia, diversidade e direitos humanos.
Codinome Daniel integra, ao lado de “Lembro todo dia de você” e “Brenda Lee e o Palácio das Princesas”, a sequência “Uma trilogia para a vida”, dedicada às narrativas sobre HIV/Aids no Brasil, dos anos 1980 até hoje.
O elenco da montagem reúne Davi Tápias, Luciana Ramanzini, Fabiano Augusto, Robson Lima, Bruna Guerin, Cleomácio Inácio, Renato Caetano e Fábio Enriquez.
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Serviço
“Codinome Daniel”, com Núcleo Experimental
Quando? Até 17 de dezembro; segundas, terças e quartas-feiras, às 20h. Haverá bate-papo após todas as apresentações.
Quanto? R$40 (inteira) e R$20 (meia-entrada); vendas através da plataforma Sympla
Onde? Teatro do Núcleo Experimental - Rua Barra Funda, 637
Classificação: 12 anos
Duração: 120 minutos
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