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Até o século passado, homens usavam rosa e meninas, azul

História, cultura e até lojas moldam como a sociedade vê as cores e os gêneros

Gabriela Barbosa

02/12/2025 às 07:45

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No século passado, os meninos não só usavam rosa, como também vestidos

No século passado, os meninos não só usavam rosa, como também vestidos | Wikimedia Commons

A ideia de que rosa é para meninas e azul para meninos parece algo antigo, mas a história das cores revela que essa divisão é recente e resultado de mudanças sociais e de mercado. Registros antigos mostram que as cores não tinham significado fixo para gênero.

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Rosa, por ser mais próximo do vermelho, era considerada uma cor forte e masculina (Foto: Freepik)
Rosa, por ser mais próximo do vermelho, era considerada uma cor forte e masculina (Foto: Freepik)
Já o azul era relacionado com coisas delicadas, como o céu, e, por isso, era feminina (Foto: Freepik)
Já o azul era relacionado com coisas delicadas, como o céu, e, por isso, era feminina (Foto: Freepik)
Agentes sociais e de mercado mudaram a visão social para inversão dessas cores (Foto: Wikimedia Commons)
Agentes sociais e de mercado mudaram a visão social para inversão dessas cores (Foto: Wikimedia Commons)

Documentos, livros e relatos apontam que a associação atual só se consolidou quando moda, comportamento e consumo infantil começaram a caminhar juntos. Entender essa trajetória ajuda a perceber que a distinção é cultural, não biológica.

Quando rosa não era 'cor de menina'

No início do século passado, o rosa não simbolizava delicadeza. Por lembrar o vermelho e o sangue, era associado à força masculina. O azul, ligado ao céu e à suavidade, era considerado mais apropriado às meninas e à ideia de docilidade.

Essa visão aparece em trabalhos da historiadora Jo B. Paoletti, autora de "Pink and Blue: Telling the Girls from the Boys in America". Segundo ela, até a Primeira Guerra Mundial predominavam roupas infantis em tons pastel, sem separação por gênero.

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Paoletti afirma que “o rosa passou a ser uma cor associada à masculinidade, era um vermelho aguado”. Em 1914, o jornal Sunday Sentinel orientava mães a vestirem os meninos de rosa e as meninas de azul, invertendo a lógica que conhecemos hoje.

Como a mudança começou a acontecer

A transição, porém, não foi automática. Em 1927, quando a revista Time questionou lojistas sobre cores adequadas para meninos e meninas, não houve consenso. As opiniões variavam, o que indica que nenhuma associação havia se consolidado definitivamente.

Segundo Paoletti, a inversão — rosa para meninas, azul para meninos — ganhou força após a Segunda Guerra Mundial. Nessa época, o debate sobre igualdade de gênero evoluía e mudou a percepção sobre as cores na infância.

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Foi também quando marcas infantis ganharam destaque. Bonecas, personagens e brinquedos reforçaram a ideia de que rosa era feminino. Esse padrão estético moldou o consumo e atravessou gerações.

Quando o mercado selou a divisão das cores

A partir dos anos 1980, a popularização da ultrassonografia permitiu que pais soubessem o sexo do bebê antes do nascimento. Muitos passaram a montar enxovais específicos. Até então, o branco predominava no guarda-roupa infantil e as roupas eram reaproveitadas entre irmãos.

Esse hábito deu espaço para que o mercado definisse, de vez, a separação entre rosa e azul. A distinção passou a ter menos a ver com essência e mais com direcionamento de consumo. A cor tornou-se marcador social de gênero, como analisa a socióloga Bila Sorj.

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Hoje, essa divisão é cada vez mais questionada. A jornalista Daniela Tófoli, autora de um guia para pais de pré-adolescentes, relata que muitas famílias optam por enxovais neutros.

Ela menciona que sua filha, fã de azul, teve dificuldade para encontrar uma mochila nessa cor sem temas “masculinos”. A pergunta é: por que a princesa tem que ser rosa?

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