Entre em nosso grupo
2
Continua depois da publicidade
No século passado, os meninos não só usavam rosa, como também vestidos | Wikimedia Commons
A ideia de que rosa é para meninas e azul para meninos parece algo antigo, mas a história das cores revela que essa divisão é recente e resultado de mudanças sociais e de mercado. Registros antigos mostram que as cores não tinham significado fixo para gênero.
Continua depois da publicidade
Documentos, livros e relatos apontam que a associação atual só se consolidou quando moda, comportamento e consumo infantil começaram a caminhar juntos. Entender essa trajetória ajuda a perceber que a distinção é cultural, não biológica.
No início do século passado, o rosa não simbolizava delicadeza. Por lembrar o vermelho e o sangue, era associado à força masculina. O azul, ligado ao céu e à suavidade, era considerado mais apropriado às meninas e à ideia de docilidade.
Essa visão aparece em trabalhos da historiadora Jo B. Paoletti, autora de "Pink and Blue: Telling the Girls from the Boys in America". Segundo ela, até a Primeira Guerra Mundial predominavam roupas infantis em tons pastel, sem separação por gênero.
Continua depois da publicidade
Paoletti afirma que “o rosa passou a ser uma cor associada à masculinidade, era um vermelho aguado”. Em 1914, o jornal Sunday Sentinel orientava mães a vestirem os meninos de rosa e as meninas de azul, invertendo a lógica que conhecemos hoje.
A transição, porém, não foi automática. Em 1927, quando a revista Time questionou lojistas sobre cores adequadas para meninos e meninas, não houve consenso. As opiniões variavam, o que indica que nenhuma associação havia se consolidado definitivamente.
Segundo Paoletti, a inversão — rosa para meninas, azul para meninos — ganhou força após a Segunda Guerra Mundial. Nessa época, o debate sobre igualdade de gênero evoluía e mudou a percepção sobre as cores na infância.
Continua depois da publicidade
Foi também quando marcas infantis ganharam destaque. Bonecas, personagens e brinquedos reforçaram a ideia de que rosa era feminino. Esse padrão estético moldou o consumo e atravessou gerações.
A partir dos anos 1980, a popularização da ultrassonografia permitiu que pais soubessem o sexo do bebê antes do nascimento. Muitos passaram a montar enxovais específicos. Até então, o branco predominava no guarda-roupa infantil e as roupas eram reaproveitadas entre irmãos.
Esse hábito deu espaço para que o mercado definisse, de vez, a separação entre rosa e azul. A distinção passou a ter menos a ver com essência e mais com direcionamento de consumo. A cor tornou-se marcador social de gênero, como analisa a socióloga Bila Sorj.
Continua depois da publicidade
Hoje, essa divisão é cada vez mais questionada. A jornalista Daniela Tófoli, autora de um guia para pais de pré-adolescentes, relata que muitas famílias optam por enxovais neutros.
Ela menciona que sua filha, fã de azul, teve dificuldade para encontrar uma mochila nessa cor sem temas “masculinos”. A pergunta é: por que a princesa tem que ser rosa?
Continua depois da publicidade
Continua depois da publicidade