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País enfrenta crise na confiança com produtos de proteção solar | Freepik
Um relatório da Choice Austrália expôs falhas graves em marcas renomadas de protetores solares, colocando em xeque a segurança dos consumidores. O caso gerou revolta entre australianos e acendeu um alerta global sobre a eficácia dos produtos.
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A polêmica envolve empresas internacionais, falhas em testes laboratoriais e a retirada de itens do mercado. Especialistas alertam que o problema pode ir além da Austrália, atingindo consumidores em todo o mundo.
Na Austrália, país com as maiores taxas de câncer de pele do planeta, o protetor solar sempre foi considerado um aliado indispensável para enfrentar os riscos do sol. Desde a infância, campanhas de saúde pública reforçam a necessidade do uso diário do produto, junto com chapéus e roupas adequadas.
No entanto, um escândalo recente abalou a confiança da população. Testes independentes revelaram que alguns dos protetores mais vendidos, incluindo marcas conhecidas e caras, não oferecem o nível de proteção anunciado nas embalagens.
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A crise começou em junho, quando a Choice Austrália publicou um relatório analisando 20 protetores solares disponíveis no mercado. Dos produtos testados, 16 não atingiram o FPS declarado, resultado que causou forte repercussão.
Entre eles estava o Lean Screen SPF 50+ da marca Ultra Violette. O choque foi tão grande que os testes foram refeitos, mas os resultados permaneceram praticamente iguais.
Marcas conhecidas como Neutrogena, Banana Boat e até a Cancer Council também foram citadas, mas rejeitaram as conclusões da Choice, alegando que seus próprios testes comprovavam a eficácia prometida. Ainda assim, a pressão pública levou a uma onda de recolhimentos e suspensões de vendas.
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Diante da polêmica, a Ultra Violette anunciou o recolhimento do Lean Screen após resultados inconsistentes em oito rodadas de testes. A empresa pediu desculpas aos clientes, ofereceu reembolsos e garantiu que revisaria seus processos internos.
Outras marcas também suspenderam produtos suspeitos, embora muitas tenham negado qualquer falha. O episódio levou a Therapeutic Goods Association (TGA), órgão regulador de saúde da Austrália, a abrir investigações e avaliar mudanças nas regras de testes de protetores.
Mesmo assim, consumidores se sentiram traídos. Para muitos, a resposta das empresas foi tardia e insuficiente, deixando uma sensação de vulnerabilidade diante de um problema que envolve saúde e confiança.
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Investigações posteriores revelaram que um laboratório dos Estados Unidos estava por trás da certificação de muitos dos protetores que falharam nos testes. A descoberta expôs fragilidades no sistema de verificação e levantou suspeitas de resultados inflados.
Além disso, descobriu-se que várias marcas utilizavam fórmulas semelhantes, desenvolvidas por fabricantes na Austrália Ocidental. Isso ampliou o alcance da crise e mostrou que o problema não estava restrito a uma única empresa.
Para especialistas, o caso ilustra como a dependência de poucos laboratórios e fornecedores pode comprometer a confiança global na indústria de proteção solar. Afinal, muitas dessas marcas também vendem seus produtos em outros países.
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A química cosmética Michelle Wong, referência no setor, em entrevista a BBC Brasil, alerta que formular um protetor eficaz e estável é um desafio técnico complexo. Segundo ela, variáveis como tipo de pele, textura do produto e até iluminação dos laboratórios podem alterar os resultados.
Ela lembra que, apesar do escândalo, o uso do protetor continua sendo essencial. Estudos já comprovaram que mesmo produtos com FPS mais baixo reduzem significativamente os riscos de câncer de pele quando usados corretamente.
O problema, portanto, não é apenas técnico, mas também regulatório. Para Wong, o episódio reforça a importância de fiscalizações rigorosas e independentes, sem as quais a confiança do consumidor ficará abalada.
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A crise reacendeu o debate sobre como os protetores devem ser regulados ao redor do mundo. Enquanto na Europa eles são classificados como cosméticos, na Austrália são tratados como medicamentos, teoricamente sob normas mais rígidas.
A TGA já sinalizou que pode revisar os protocolos de teste de FPS, considerados por muitos especialistas como subjetivos e inconsistentes. Há pressão também para que novas investigações sejam feitas em outros países, verificando se o problema é global.
Enquanto isso, os consumidores foram lembrados da importância de não depender apenas do protetor solar. Médicos recomendam o uso combinado de chapéus, roupas adequadas e a busca por sombra como medidas adicionais contra o câncer de pele.
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