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Álbum de 1976 reúne sambas inéditos que moldaram a identidade musical brasileira | Fernando Frazão/AB
No Dia do Samba, celebrado em 2 de dezembro, uma obra se destaca como a maior referência do gênero em todos os tempos: o álbum “Cartola” (1976), do mestre carioca que só gravou seu primeiro disco aos 65 anos.
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Considerado por especialistas um marco definitivo do samba, o trabalho reúne composições antigas até então inéditas e carrega a poesia que marcou a trajetória de um dos nomes mais importantes da música brasileira.
Mesmo lançado tardiamente, o álbum segue como símbolo de elegância, sofisticação harmônica e sensibilidade — elementos que tornaram Cartola um artista único, capaz de transformar experiências simples em versos de beleza profunda.
Lançado pela gravadora Discos Marcus Pereira, “Cartola” é frequentemente lembrado como o melhor álbum de samba do mundo por sua combinação de lirismo, melodias suaves e arranjos que respeitam a essência do gênero. Não à toa, especialistas o descrevem como uma coleção de “poemas de alegria melancólica e pura dor”.
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Entre as faixas, está a icônica “Preciso Me Encontrar”, que ganhou nova vida ao integrar a trilha sonora do filme Central do Brasil. Mas o disco vai muito além de seus grandes sucessos, apresentando um conjunto de sambas que revelam camadas profundas da personalidade do artista.
“Cartola” (1976) é considerado o melhor álbum de samba do mundo. Foto: ReproduçãoA resposta está no impacto duradouro da obra. Cartola revisitou sambas que havia escrito décadas antes e os apresentou com a maturidade de um compositor que conhecia, como poucos, a alma das ruas cariocas.
O que impressiona é que, mesmo sem buscar grandiosidade, o álbum alcança uma estética sofisticada, construída a partir de melodias simples e versos diretos. É justamente esse equilíbrio que o faz atravessar décadas sem perder relevância.
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Além disso, a revista Rolling Stones elegeu os 10 melhores álbuns da música brasileira e Cartola figurou na lista como o único álbum de samba.
Carlos Cachaça, Nelson Sargento e a Velha Guarda da Mangueira testemunharam a genialidade de Cartola muito antes do grande público. Mas foi somente nos anos 1970 que o sambista ganhou o reconhecimento nacional que sempre mereceu.
O disco de 1976 simboliza esse momento: uma espécie de renascimento artístico que trouxe ao centro da cultura brasileira a figura do poeta que antes trabalhava como pedreiro, lavador de carros e contínuo.
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Celebrar o Dia do Samba é, também, reconhecer a importância da obra de Cartola. Seu álbum de 1976 não é apenas um marco fonográfico, mas um testemunho da força criativa de um gênero que nasceu nas periferias urbanas e se tornou símbolo do Brasil.
A música de Cartola convida o ouvinte a caminhar por um Rio de Janeiro poético, íntimo e cheio de memórias — e continua a ser reverenciada por novas gerações de artistas e pesquisadores.
Mais do que um clássico nacional, o álbum “Cartola” ocupa um lugar especial na história da música global. Sua poesia delicada, somada ao brilho melancólico que marca cada faixa, conquistou críticos estrangeiros e continua sendo estudada em festivais dedicados ao samba e à música de raiz ao redor do mundo.
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Ao revisitar esse disco no Dia do Samba, reafirmamos a imensa contribuição de Cartola para a cultura brasileira — e lembramos que grandes obras não têm idade, apenas profundidade.
Se existe um álbum capaz de traduzir a alma do samba, ele nasceu em 1976, na voz mansa e no violão de um dos maiores poetas do Brasil.
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