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Felinos do semiárido têm porte reduzido por causa da seca e da oferta de alimento | Divulgação/ICMBio
As onças que vivem na Caatinga chamam atenção por um detalhe pouco conhecido. Elas são menores do que as encontradas no Pantanal ou na Amazônia e esse contraste mostra como o semiárido molda até os maiores predadores do país.
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A doutora em engenharia agrônoma pela USP Cláudia Guerreiro Martins explica, em entrevista ao Jornal da USP, que “o porte reduzido é resultado direto da adaptação a um ambiente extremamente seco e com recursos limitados”, algo que o corpo desses felinos revela com clareza.
Enquanto onças-pintadas de outras regiões do Brasil chegam facilmente aos 130 a 150 quilos, no semiárido os registros variam entre 40 e 60 quilos. A diferença ajuda a entender como o clima e o tipo de presa influenciam o tamanho desses animais.
A Caatinga vive longos períodos sem chuva, o que reduz a oferta de presas maiores. Cláudia afirma que “em um ambiente onde a vida já é difícil por natureza, animais menores têm vantagem porque precisam de menos energia para sobreviver”.
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O solo quente também interfere no corpo do felino. As onças da Caatinga apresentam pelos das patas mais espessos e bigodes mais rígidos, sinais de adaptação ao terreno seco e às altas temperaturas do bioma.
A distância entre as fontes de água exige longas caminhadas. No semiárido, o felino precisa caminhar por longos trechos. “Cada detalhe do corpo dessas onças revela o esforço diário para se manterem vivas”, explica Cláudia, destacando a vantagem do porte reduzido.
O tamanho menor aponta para uma espécie que convive com desafios constantes. A pesquisadora lembra que “o conflito entre pessoas e onças é histórico na Caatinga e ainda limita a recuperação da espécie em várias regiões”.
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Mesmo menores, esses felinos continuam essenciais para o equilíbrio ambiental. Eles controlam presas e mantêm ciclos naturais que sustentam o bioma. Se somem, o impacto se espalha por diversas cadeias alimentares.
A proteção da espécie passa por conservar áreas de vegetação contínua, rotas de deslocamento e pontos de água. Manter essas regiões é essencial para preservar as áreas naturais que garantem a sobrevivência da fauna.
A diferença de porte mostra como a evolução responde rapidamente ao clima e às limitações de cada região. No semiárido, essa pressão ambiental aparece no comportamento, na dieta e no corpo do animal.
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Esse entendimento ajuda pesquisadores e gestores a avaliar o estado do bioma. Para Cláudia, “proteger a Caatinga é essencial para que essas onças continuem mostrando ao mundo a força da adaptação”, especialmente em ambientes extremos.
A curiosidade sobre o tamanho dos felinos aproxima o público da vida selvagem e revela a riqueza pouco conhecida da Caatinga, que abriga espécies únicas e histórias de sobrevivência que merecem atenção e preservação.
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