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O Parlamento finlandês deve examinar na segunda-feira o projeto de adesão, mas analistas consideram que a grande maioria dos congressistas apoia a iniciativa
FOLHAPRESS
Publicado em 15/05/2022 às 10:38
Atualizado em 15/05/2022 às 11:33
Ari Matti Ruuska/EPA/AB
A Finlândia decidiu solicitar a adesão à Otan (Aliança do Tratado do Atlântico Norte), anunciaram neste domingo (15) o presidente e a primeira-ministra do país, abandonando décadas de não alinhamento militar após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
"É um dia histórico. Começa uma nova era", declarou o presidente finlandês, Sauli Niinistö, em uma entrevista coletiva, ao oficializar o que vinha sinalizando que faria desde a semana passada.
"Conseguiremos segurança e a estenderemos para a região do mar Báltico e para toda a aliança", disse ele a repórteres.
O Parlamento finlandês deve examinar na segunda-feira o projeto de adesão, mas analistas consideram que a grande maioria dos congressistas apoia a iniciativa. A Suécia também deve solicitar o ingresso no tratado, seguindo Helsinque e abandonando décadas de neutralidade.
A Finlândia, que compartilha uma fronteira de 1.300 quilômetros com a Rússia, permaneceu como um país não alinhado durante 75 anos. Mas depois que a Rússia iniciou a invasão da Ucrânia em fevereiro, o consenso político e a opinião pública se inclinaram a favor da adesão à aliança militar.
O presidente finlandês e a primeira-ministra Sanna Marin tinham anunciado na quinta-feira que eram favoráveis a uma adesão "sem demora" à Aliança Atlântica.
Moscou advertiu em várias ocasiões para consequências caso Helsinque e Estocolmo se juntassem à aliança.
No sábado, Niinistö ligou para o colega russo, Vladimir Putin, para comunicar que o país estava prestes a solicitar a adesão. Putin respondeu que seria um erro o país abandonar sua neutralidade e se unir ao tratado.
Mais reticente em abandonar uma neutralidade que remonta ao século 19, a Suécia também caminha rapidamente para oficializar uma candidatura à aliança militar.
Após debates internos na semana passada, os sociais-democratas da primeira-ministra Magdalena Andersson devem mostrar neste domingo serem favoráveis à adesão. Espera-se que as lideranças do partido, o maior de todas as eleições desde o século passado, vençam as discussões internas e apoiem a adesão ao bloco, o que daria ampla maioria aos favoráveis à candidatura no Parlamento sueco -grande parte da oposição já é a favor.
O próximo passo seria uma solicitação formal do governo de Andersson.
Em paz desde as guerras napoleônicas, a Suécia tem sido mais relutante em deixar de lado seu não alinhamento do que a Finlândia, que travou um conflito sangrento com a União Soviética no século 20.
TURQUIA PODE VETAR ENTRADA DOS DOIS PAÍSES
Um pedido de adesão representaria uma espera tensa durante os meses em que demora a ratificação por todos os membros da Otan -a Turquia já manifestou objeções-, embora a aliança e a Casa Branca tenham dito estar confiantes de que quaisquer preocupações de segurança possam ser abordadas nesse período.
Apesar de ter criticado a invasão da Rússia à Ucrânia, Ancara é próxima do governo de Vladimir Putin e se opôs a sanções contra Moscou.
Na sexta-feira (13), o presidente Recep Tayyip Erdogan disse que não seria possível apoiar a ampliação da aliança porque a Finlândia e a Suécia eram "lar de muitas organizações terroristas". Erdogan tem criticado esses países há anos por receberem refugiados perseguidos por Ancara, pertencentes a organizações que o governo turco considera terroristas.
O finlandês Niinisto expressou sua disposição no domingo para conversar com Tayyip Erdogan sobre suas preocupações.
O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, se reuniu no sábado em Berlim com seus colegas da Finlândia e da Suécia para tentar resolver divergências sobre o tema. Neste domingo, ele disse que a Suécia e a Finlândia devem parar de apoiar grupos terroristas em seus países, fornecer garantias de segurança claras e suspender as proibições de exportação à Turquia enquanto buscam a adesão à Otan.
Ele acrescentou que a Turquia não está ameaçando ninguém ou buscando influência, mas referindo-se especialmente ao apoio da Suécia ao grupo militante curdo PKK, considerado terrorista por Ancara, pela União Europeia e pelos Estados Unidos.
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