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Lamentável que um tema tão importante quanto a despoluição de um rio na maior cidade do País seja tratado de forma tão rasa e pueril. Despoluir o rio Pinheiros até 2022, anunciado como meta pelo governador João Doria (PSDB), na semana em que se comemorou o Meio Ambiente, chega a ser ofensivo aos paulistanos.
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Não é de hoje o desejo de que os rios da Capital voltem a ser limpos, mas a questão é uma realidade tão distante quanto o projeto de Doria de transformar às margens do Pinheiros em uma espécie de "Puerto Madero". Na Argentina, Puerto Madero é um ponto turístico, às margens do Rio da Prata, repleto de bares e restaurantes.
Muito bonito o governador e sua trupe sorrirem para as fotos dentro do barquinho que navega pelo esgoto, mas há quase 30 anos o sonho de revitalizar os rios de São Paulo vem naufragando.
A tentativa do Governo do Estado de despoluir os rios da Capital começou em 1992 com o projeto Tietê. Na época, o então governador Antônio Fleury Filho chegou a dizer que beberia água do rio. Em 1993, a gestão prometeu publicamente limpar o rio até 2005.
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Fazer com que os rios Tietê e Pinheiros voltem a ter vida é uma questão muito mais profunda e envolve não só a Capital, mas todos os municípios da região metropolitana de São Paulo que despejam todo o seu esgoto nos leitos dos rios.
As empresas de saneamento básico, responsáveis pela coleta e tratamento do esgoto, sendo a Sabesp a maior delas, são fundamentais, mas o processo envolve também outro tema complexo: as habitações irregulares. Se nem nos bairros nobres da Capital a coleta e tratamento do esgoto atinge os 100%, imagine as áreas ocupadas irregularmente nas cidades da Grande São Paulo.
Assim, o esgoto sai das casas chiques, dos imóveis da classe média, das ocupações irregulares ou dos barracos das favelas, polui a água de um córrego menor que acaba desaguando em um afluente e compõe as águas do rio Pinheiros e Tietê, que são símbolos dessa grande metrópole. Muitos anos e bilhões de reais depois, a despoluição dos rios continua sendo tratada como estratégia de marketing para chamar a atenção dos eleitores e não como política pública efetiva e abrangente. Na semana do Meio Ambiente, a comemoração deveria ser de que finalmente São Paulo teria 100% do esgoto tratado e coletado, não que às margens do rio serão o novo "Puerto Madero". Discussões e medidas rasas para um problema tão profundo não pode ser mais o modo como os que se intitulam "novos gestores" agem.
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