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Cotidiano

Obra de CEU abandonada vira ponto de droga e furtos

Abandonada há dois anos, a obra do CEU Freguesia do Ó vem se deteriorando. Capital tem 14 obras de CEUs paradas Por Marcelo Tomaz De São Paulo

20/09/2018 às 20:06  atualizado em 21/09/2018 às 13:58

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Abandonada há pelo menos dois anos, a obra do Centro Educacional Unificado (CEU) Freguesia do Ó, na zona norte da cidade, virou alvo de furtos, ponto de drogas e vem se deteriorando. O equipamento, orçado em R$ 42,5 milhões, é um dos oito que começaram a ser construídos no final de 2015 e não foram entregues pela Prefeitura de São Paulo. Atualmente, a cidade têm 14 obras de CEU paradas.

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“Era para ser um CEU, mas está mais para o inferno”, brinca o aposentado Jurandir Ferreira da Costa, de 62 anos, morador do bairro há mais de uma década. “A turma invade, já roubaram o canteiro e os vizinhos reclamam dos usuários de drogas. Quando fica ao léu assim, não vem coisa boa. Vai se estragando as ferragens, as colunas... E quem paga? Quem paga é a gente”, reflete.

O terreno, que um dia se tornará o CEU Freguesia do Ó com 43 mil m², está localizado onde antigamente era o Centro Esportivo Freguesia do Ó (CEFÓ). A unidade teria piscina semiolímpica coberta e aquecida e uma nova quadra poliesportiva. Além disso, o espaço pertencente ao antigo clube seria revitalizado, conforme promessa de campanha de Haddad.

Hoje a capital paulista conta com 46 CEUs, estruturas voltadas para educação, cultura, esporte e lazer, geralmente localizadas em áreas periféricas. Segundo o Programa de Metas 2013-2016, da gestão Fernando Haddad (PT), seriam implantados mais 20 unidades da rede, em três fases de obras.

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Esses equipamentos seriam integrados com outros já existentes no entorno dos bairros mapeados. Esses novos espaços são denominados “Territórios CEU”. Entretanto apenas um, em Heliópolis, foi entregue.

Ao todo, o projeto de expansão teria três fases. Dessas, apenas duas começaram. A primeira fase foi orçada em R$ 319,7 milhões e está com obras avançadas. Além do CEU Freguesia do Ó, fazem parte dela as unidades Novo Mundo, Carrão/Tatuapé, José de Anchieta, São Miguel, São Pedro/José Bonifácio, Parque do Carmo e Vila Prudente. Todas estão abandonadas e sem previsão de entrega.

A segunda, com licitações concluídas e obras orçadas em R$ 302,4 milhões iniciadas, incluiu as unidades Pinheirinho d’Água, Taipas, Cidade Tiradentes, Joamar/Tremembé, Campo Limpo/Piracuama e Grajaú/Petronita. A última estrutura dessa etapa deveria ter sido entregue em novembro do ano passado, mas nos canteiros só existe o esqueleto das construções.

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A terceira e última fase diz respeito há seis unidades – Santo Amaro, Fernão Dias/Vila Medeiros, Água Branca, Vila Matilde, Imperador/Sapopemba e Ermelino Matarazzo – mas ainda não saiu do papel.

“O pessoal passa aqui carregando barra de ferro, madeira, telha... Estão levando tudo. Há alguns meses haviam seguranças, mas não vemos mais eles. O matagal só cresce, invadiu minha oficina e fizemos uma vaquinha entre os comerciantes para poder cortar”, expõe o mecânico de suspensões Nivaldo Serrano Vidal, de 51 anos. “Infelizmente não é só essa obra... Parou uma vez, retomaram e logo em seguida largaram novamente. A gente conta com o CEU, porque eu tenho filhos. Eles têm sete, doze e quinze anos e poderiam estar aqui, do lado de casa”, lamenta.

Prazo

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A ampliação da rede CEU teria investimento total de R$ 620 milhões, com nove empresas de engenharia envolvidas no projeto. Os trabalhos não foram concluídos durante a gestão Haddad e foram paralisados no começo da gestão João Doria (PSDB).

Na época, a prefeitura alegou que o orçamento deixado para 2017 era insuficiente para terminar as obras, mas remanejou R$ 231 milhões dos CEUs para cumprir outros compromissos.

O novo Programa de Metas da Prefeitura de São Paulo (2017-2010), entretanto, não inclui menção à construção ou melhorias dos CEUs.

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“No início de 2017 todas as obras da Educação estavam paradas e sem previsão de recursos financeiros para sua retomada. Em um esforço de gestão, a administração retomou as obras de creches e pré-escolas com recursos obtidos junto aos governos federal e estadual, bem como do Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (FUMCAD)”, informa a Secretaria Municipal de Educação. “Para a retomada das obras de todos os CEUs, paralisadas em 2016, a pasta aguarda a destinação de recursos, que atingem cerca de R$ 500 milhões de reais. A retomada deve ocorrer ainda neste ano”, afirma em nota.

De acordo com o Plano Plurianual (PPA) para o quadriênio 2018-2021, a verba destinada para a construção dos CEUs no período é de R$ 1,4 milhão, valor que “mal dá para pagar os vigias”, afirma o sociólogo Alair Molina, de 70 anos, que organiza um movimento pela retomada das obras dos CEUs em São Paulo.

Criada há um ano, a iniciativa já protocolou documento sobre o tema no Ministério Público de São Paulo (MP-SP). “Ele é simples, sucinto, mas bem construído, baseado em fatos, na lei e nos dados orçamentários. Isso vai unindo o movimento e repercutindo na mídia e no próprio MP”, afirma Molina.

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De acordo com o documento, “alguns dos CEUs já têm mais de 35% da obra executada. Ou seja, com o dinheiro deixado no orçamento de 2017, vários já poderiam ter sido entregues. Mais de 100 milhões já foram liquidados pela gestão anterior”.

Um abaixo-assinado também foi entregue ao secretário Alexandre Schneider pedindo a continuidade das obras.

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