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A decisão de Bruxelas reacende debate político e pode adiar o fim dos motores a combustão previsto para 2035. | Imagem ilustrativa, gerada por IA
A lei que prevê o fim da venda de carros a combustão na União Europeia até 2035 está sob forte pressão. A Comissão Europeia decidiu flexibilizar as metas de emissões de 2025 após apelos das montadoras.
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A medida representa uma vitória para a indústria automobilística, mas preocupa ambientalistas e políticos que veem risco de enfraquecimento do Acordo Verde europeu.
A decisão, anunciada em Bruxelas, marca uma mudança de postura diante da crise econômica, da queda no setor automotivo e das pressões políticas. Agora, cresce o temor de que a revisão da lei de 2035 seja usada para adiar ou até reverter a proibição.
As montadoras comemoraram a revisão das metas de emissões, que passam a ser calculadas em média de três anos, e não mais em vendas anuais. Para Luca De Meo, CEO da Renault, “o inimigo não é uma tecnologia em vez de outra — o inimigo é o CO2”.
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Segundo ele, a abertura para a chamada neutralidade tecnológica permite que diferentes soluções, como híbridos e combustíveis alternativos, possam ser consideradas no processo de descarbonização.
A Alemanha pressiona por uma exceção para combustíveis sintéticos, enquanto a Itália defende os biocombustíveis, apesar das críticas sobre impactos ambientais. Já a Polônia apoia mudanças que reduzam a rigidez da lei de 2035.
Por outro lado, a França ainda apoia a proibição, mas concordou com a flexibilização das metas de curto prazo. O vice-presidente da Comissão Europeia, Stéphane Séjourné, disse que seria “paradoxal pedir aos fabricantes que pagassem multas e, ao mesmo tempo, apoiá-los”.
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O Partido Popular Europeu, maior grupo do Parlamento, já prometeu reverter a lei. Na Alemanha, o avanço dos democrata-cristãos fortaleceu a pressão para rever a legislação. O eurodeputado Filip Turek afirmou que o novo plano “marca o início do fim da proibição de 2035”.
Grupos ambientalistas alertam que, se os políticos cederem ainda mais, a legislação climática pode perder sua eficácia. Julia Poliscanova, da ONG Transport & Environment, resumiu: “O Acordo Verde sofrerá uma derrota por mil cortes, a menos que os legisladores o defendam”.
Enquanto marcas como a Renault e fabricantes alemãs comemoram a mudança, a Volvo defende que as metas deveriam ser mantidas. Em comunicado, a empresa afirmou que “aqueles que fizeram a lição de casa não devem ser prejudicados por mudanças de última hora”.
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Já o lobby automotivo alemão insiste na valorização dos híbridos após 2035, embora grupos climáticos argumentem que esses veículos ainda emitem CO2, contrariando os objetivos da lei.
Ambientalistas e eurodeputados verdes temem que a revisão antecipada da lei seja usada como “cláusula de desistência”. O eurodeputado Michael Bloss alertou: “A Comissão Europeia está abrindo a caixa de Pandora”.
A decisão de Bruxelas sinaliza que o futuro da proibição dos motores a combustão, antes considerada inegociável, está cada vez mais incerto. O resultado desse embate político e econômico pode definir se a UE cumprirá suas metas climáticas até 2050.
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