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No meio do século XX, a segurança automotiva era um conceito quase primitivo | Divulgação
Aquele "clique" que você ouve toda vez que entra no carro é mais do que um hábito; é o som de uma das maiores revoluções em segurança da história automotiva. Um som que ecoa um gesto de genialidade e, acima de tudo, de humanidade.
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Poucos sabem, mas essa tecnologia onipresente em nossos veículos nasceu dentro da Volvo e, em um ato surpreendente, foi entregue ao mundo.
Esta é a história de como a Volvo inventou o cinto de segurança de três pontos e liberou a patente para salvar vidas, uma decisão que priorizou pessoas em vez de lucros.
No meio do século XX, a segurança automotiva era um conceito quase primitivo. Os cintos de segurança existentes eram, em sua maioria, do tipo subabdominal (de dois pontos), parecidos com os que vemos em aviões.
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Embora fossem melhores do que nada, eles apresentavam sérios riscos em colisões de alta velocidade, podendo causar graves lesões internas nos órgãos abdominais ou na coluna.
Foi então que a Volvo contratou Nils Bohlin, um engenheiro que havia trabalhado no desenvolvimento de assentos ejetáveis para a indústria aeronáutica.
Ele entendia profundamente as forças que atuam sobre o corpo humano em uma desaceleração súbita. Bohlin percebeu que a solução ideal precisava segurar tanto a parte superior quanto a inferior do corpo. Sua solução foi elegantemente simples e eficaz:
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Uma única peça: Uma fita contínua que formava um "V" deitado, com uma parte diagonal sobre o tórax e outra sobre o quadril.
Ancoragem geométrica: O cinto era fixado em três pontos, distribuindo a força do impacto sobre as áreas mais fortes do corpo: o tórax, a bacia e os ombros.
Facilidade de uso: O design permitia que o cinto fosse afivelado com apenas uma mão, incentivando seu uso.
Em 1959, o Volvo Amazon foi o primeiro carro do mundo a vir equipado de fábrica com essa invenção revolucionária.
Aqui é onde a história se torna lendária. A Volvo tinha em mãos uma patente de ouro, uma vantagem competitiva que poderia render milhões e posicionar a marca como a única opção verdadeiramente segura no mercado por anos. Mas a diretoria da empresa tomou um caminho radicalmente diferente.
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Conscientes do potencial da invenção para salvar vidas, eles consideraram antiético manter uma tecnologia tão crucial apenas para si. A filosofia da marca, focada na segurança como um pilar central, falou mais alto.
A Volvo então abriu a patente do cinto de três pontos, permitindo que qualquer fabricante de automóveis do mundo a utilizasse gratuitamente. A lógica era simples e poderosa: há coisas mais importantes que o lucro, e a segurança de todos os motoristas e passageiros era uma delas.
O impacto da decisão da Volvo é imensurável, mas as estimativas são impressionantes. Acredita-se que o cinto de segurança de três pontos já tenha salvo bem mais de um milhão de vidas desde sua criação e evitado ou reduzido a gravidade de lesões em dezenas de milhões de acidentes.
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Até hoje, ele é considerado o dispositivo de segurança mais importante na história do automóvel.
Mesmo com o advento de airbags, freios ABS, controles de estabilidade e sistemas avançados de assistência ao motorista, o cinto de três pontos continua sendo a primeira e mais crucial linha de defesa em uma colisão. Ele é a base sobre a qual todas as outras tecnologias de segurança passiva funcionam.
Da próxima vez que você entrar no carro e puxar o cinto sobre o ombro, lembre-se de Nils Bohlin e da Volvo. Aquele simples gesto é um tributo diário a uma invenção genial e a uma decisão que colocou a vida humana acima de qualquer outra coisa. É a prova de que a melhor tecnologia é aquela que serve a todos.
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