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'Cinquentinha' foi lançada em 1974, dois anos antes de a Honda começar a produzir a CG 125 | Divulgação
O zumbido marcante - e absolutamente irritante - da Yamaha RD 50, a primeira moto fabricada nacionalmente pela empresa japonesa, conviveu por bom tempo com os brasileiros iniciantes no mundo das duas rodas.
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A famigerada “Cinquentinha” foi lançada em 1974, dois anos antes de a Honda iniciar a produção da CG 125, que transformaria para sempre o mercado brasileiro de motos.
A produção da RD 50 ocorreu na fábrica da Yamaha em Guarulhos, na Grande São Paulo, marcando o início da produção nacional de motos.
A “motinho” estreita e esguia da Yamaha era equipada com motor de dois tempos, de 50 centímetros cúbicos de cilindrada, ganhando imediatamente o apelido de “Cinquentinha”.
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A decisão da Yamaha de iniciar a produção local da RD 50 também foi influenciada por uma medida do governo, que aumentava significativamente os impostos de importação de motos.
A RD 50 ficou em linha de 1974 até quase o final daquela década, vindo quatro anos depois da chegada oficial da Yamaha ao Brasil, inicialmente, comercializando modelos importados do Japão.
Não se tem notícia de quantas “cinquentinhas” foram vendidas, mas não foram poucas, deixando sempre no ar uma pergunta entre os motociclistas: “Será que a Yamaha só sabe fazer moto de dois tempos?” Isso vinha devido ao inegável conforto que a CG 125 (de quatro tempos) trazia especialmente para os ouvidos do piloto e de todos a sua volta.
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E não era só por isso: pelas características do propulsor da RD 50, o sujeito era obrigado a colocar um óleo lubrificante específico para motores de motocicletas misturado à gasolina em uma proporção de 50:1.
Ação gerava o tal zumbido insuportável, mas um cheiro muito gostoso saído do cano de descarga. Para quem gostasse disso, naturalmente.
Os segredos do sucesso da “Cinquentinha” eram consistentes. A começar pela simplicidade e pelo baixo custo de manutenção, explicados justamente pelo motor de dois tempos, que demandava componentes de fácil produção para baratear a moto para o consumidor final.
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Outro motivo é que, com a RD 50, a indústria de peças e componentes começou a produzir especificamente para o tipo de veículo recém-chegado ao mercado.
E, apesar de ter sido superada com muita facilidade pela CG 125, a RD 50 deixou profundas marcas na história de duas rodas no Brasil, com o modelo sendo lembrado sempre com bastante carinho.
A “Cinquentinha” foi substituída primeiro pela RD 75 e depois pela RX 80, que não tiveram o mesmo sucesso. Sucessora da YB 50 importada do Japão, a RD 50 tinha vantagens sobre sua “irmã” oriental.
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Entre os quais, a “Cinquentinha” tinha na construção de seu quadro aço igual aos utilizados nos modelos de maior cilindrada no lugar da estrutura estampada da YB 50, que ficava sujeita a torções.
O modelo brasileiro tinha também mais potência, com 6,2 cavalos ante os 4,8 cavalos da moto japonesa, e câmbio de 5 marchas, enquanto a YB 50 tinha um de 4 velocidades.
Outro ponto a favor da RD 50 é que ela podia ser conduzida por menores de idade. Com isso, a Yamaha apressou o início da produção da moto para poder expô-la ao público já no Salão do Automóvel de São Paulo de 1974, oferecendo ainda uma pista de test-ride para quem quisesse experimentar a novidade.
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O painel da “Cinquentinha” era simples, com apenas um instrumento: tendo um velocímetro circular com escala de 140 km/h – embora a moto não ultrapassasse os 80 km/h –, luzes-espia e a ignição.
Conta-giros? Nem pensar! Com 49 cm³, o motor de dois tempos gerava 6,2 cavalos de potência a 9.500 rotações por minuto e 0,5 kgfm de torque a 8.500 giros, associado ao câmbio de 5 marchas sincronizadas e embreagem multidisco banhada a óleo. A partida do motor era por pedal.
O propulsor não tinha comando de válvulas, tornando-o bastante simples e prático para funcionar e de ser mantido. A fumaça branca que saía do único cano de escapamento da RD 50 era resultante de parte do lubrificante misturado ao combustível e da queima na câmara de combustão.
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O motor monocilíndrico, refrigerado a ar, tinha sistema Autolube e ignição por volante de magneto, com filtro de ar úmido de fibras planas.
Conforme dados daquela época, a RD 50 podia percorrer até 60 quilômetros com um litro de combustível, além de poder carregar 75 quilos de peso.
A “Cinquentinha” era pequena e leve, com tanque longo e estreito e quadro tubular de berço duplo, um grande avanço, pois a maioria das motos de 50 cc tinha quadro de aço estampado.
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Os freios da RD 50 eram a tambor nas duas rodas, enquanto a suspensão tinha garfo telescópico na dianteira e amortecedores duplos na traseira. A RD 50 contava com rodas de 17 polegadas com raios simples e pneus 2.75, tanto na frente quanto atrás.
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