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Um vazamento de óleo cru sem precedentes na história nacional tomou a costa do Nordeste. As primeiras manchas surgiram no litoral pernambucano no fim de agosto. Desde então, a poluição de origem misteriosa se espalhou por 126 cidades provocou prejuízos econômicos e ambientais incalculáveis e chegou na
sexta-feira à praia de Guriri no Espírito Santo, estado do
Sudeste.
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O governo de Jair Bolsonaro (PSL) é acusado de demorar para agir. Primeiro, o governo preferiu levantar suspeitas contra quem considera adversários políticos, como a Venezuela e o grupo de proteção ambiental Greenpeace. Só na última segunda-feira (4) a gestão enviou dois navios da Marinha e mais de duas mil pessoas para ajudar no combate às consequências do vazamento. Os navios devem chegar na região no
domingo (10).
Pelo Twitter, em 24 de outubro, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, conseguiu juntar a Venezuela e o Greenpeace em uma única ilação sobre os responsáveis pelo incidente: "Tem umas coincidências na vida né... Parece que o navio do #greenpixe estava justamente navegando em águas internacionais, em frente ao litoral brasileiro bem na época do derramamento de óleo venezuelano...". O ministro não apresentou evidências da suspeita levantada.
Algo é límpido nesse mar de desinformação: as consequências para o País permanecerão por anos. Talvez décadas.
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De acordo com Thiago Almeida, porta-voz do Greenpeace, o desastre traz prejuízos incalculáveis, e o governo demorou para tomar atitudes. "Esse é o pior desastre ambiental relacionado a petróleo no Brasil. E, mesmo assim, o governo levou 41 dias para acionar o Plano Nacional de Contingência [plano adotado em acidentes de grandes proporções], e é algo que não está sendo feito de maneira efetiva".
Segundo ele, a a falta de atitudes eficientes do governo é reflexo da sua falta da preocupação ambiental. "Este governo tem uma agenda antiambiental de desmonte da proteção que levou décadas para ser construída no Brasil".
Sobre as consequências do vazamento, o porta-voz diz: "Enquanto a gente não souber a origem, a causa e a quantidade do óleo derramado é impossível fazer qualquer previsão. Eu tenho muito medo que a gente esteja no fim do começo, e não no começo do fim".
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POVO AO MAR.
As cenas de moradores tentando limpar no braço o óleo nas praias nordestinas percorreram o mundo. A atitude desesperada revela o prejuízo econômico e ambiental que o incidente pode trazer às comunidades costeiras. Pescadores ficaram sem ter o que vender. Moradores, sem o que comer. A dona de um quiosque à beira mar em Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco, anunciou que seu lucro caiu 95% nos dias seguintes do aparecimento do óleo na cidade.
O secretário de Aquicultura e Pesca do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Jorge Seif Jr., tentou em uma transmissão ao vivo incentivar o consumo de peixe em áreas atingidas, mas só serviu para produzir memes na internet: "O peixe é um bicho inteligente. Quando ele vê uma manta de óleo, ele foge".
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SUSPEITAS.
Hoje, a maior suspeita da gestão Bolsonaro é de que o óleo cru tenha vindo do navio Bouboulina, da empresa Delta Tankers, de bandeira grega. Além dele, mais quatro navios de bandeira grega são alvos de investigação da Marinha e da Polícia Federal. A empresa nega a suspeita governamental.
Resta saber se o óleo realmente vai continuar se estendendo pela costa brasileira. É consenso que autoridades precisam agir com mais eficiência e celeridade para o País ter segurança de que o pior já passou. Ou se preparar para a sujeira que vem pelo mar.
(Bruno Hoffmann)
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