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Cotidiano

‘Poeta do Carnaval’, Moraes Moreira morre aos 72 anos

Cantor e compositor baiano sofreu um infarto agudo do miocárdio enquanto dormia; personalidades lamentam morte do artista

Bruno Hoffmann

13/04/2020 às 16:46  atualizado em 14/04/2020 às 13:17

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O cantor e compositor Moraes Moreira

O cantor e compositor Moraes Moreira | Divulgação

Um dos principais compositores dos Novos Baianos e dono de uma carreira solo de prestígio, Moraes Moreira morreu na manhã desta segunda-feira na sua casa, no Rio de Janeiro, enquanto dormia. O artista tinha 72 anos.

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A causa da morte foi infarto agudo do miocárdio. As informações do velório não serão divulgadas pela família, devido à pandemia do novo coronavírus.

Com a notícia, centenas de artistas e personalidades usaram as redes sociais para se despedir do compositor. A cantora Daniela Mercury escreveu um dos textos mais emocionados: "Estou devastada com a morte de Moraes. Meu amigo, um gênio da música brasileira, uma fundamental referência para todos nós. Ele sempre foi o nosso poeta do carnaval”.

Carreira.

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Nascido em Ituaçu, no interior da Bahia, em 8 de julho de 1947, Antônio Carlos Moraes Pires iniciou o contato com a música tocando sanfona de doze baixos nas festas de São João da cidade. Já adolescente, e morando em Salvador, se apaixonou pelo rock.

Em 1968, formou os Novos Baianos ao lado de Luiz Galvão, Paulinho Boca de Cantor, Pepeu Gomes e a niteroiense Baby do Brasil, a única não baiana do grupo.

A banda fez uma revolução na música brasileira, com uma mistura harmoniosa e inédita de rock, baião, forró, frevo, afoxé, choro e outros ritmos internacionais e brasileiros. Era como se levassem à frente o trabalho iniciado pelos tropicalistas anos antes e que havia sido encerrado pelo Ato Institucional Número 5 (AI-5).

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O norte para os jovens artistas, porém, era João Gilberto, o inventor do samba minimalista que ficou conhecido mundialmente como bossa nova.

Em 1972, vivendo em um sítio em Jacarepaguá, no Rio, com jeitão hippie, os Novos Baianos lançaram Acabou Chorare, considerado pela revista Rolling Stones o melhor álbum da história nacional.

Não há faixa em Acabou Chorare que não seja um clássico: Brasil Pandeiro (samba de Assis Valente que ganhou sua definitiva regravação nesse disco), Preta Pretinha, Mistério do Planeta, A Menina Dança (todas de coautoria de Moraes), entre outras.

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O grupo acabou em 1975, e Moraes Moreira se lançou em carreira solo. Marcou-se por ser o primeiro cantor de um trio elétrico, ao assumir os microfones do Trio de Dodô e Osmar, em Salvador. Os seus sucessos carnavalescos são estrondosos, como Pombo Correio e Vassourinha Elétrica, além do clássico Bloco do Prazer: “Pra libertar meu coração / Eu quero muito mais / Que o som da marcha lenta...”.

A partir da década de 1980 o artista renovou seu público ao ter músicas em novelas da “Globo”, lançar novos sucessos e gravar um acústico pela antiga “MTV”. Também escreveu livros, com predileção à literatura de cordel. Juntou-se ainda duas vezes com os Novos Baianos, em 1997 e 2015, para relembrar os sucessos do grupo histórico.

Outro amor do artista era o futebol. Dizia que música e futebol formavam um casamento perfeito. Torcedor do Flamengo, fez uma música quando Zico se transferiu para a Udinese, da Itália, em 1983, para homenagear seu ídolo: “E agora como é que eu fico / Nas tardes de domingo / Sem Zico no Maracanã...”.

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Zico disse estar “desnorteado” com a morte do companheiro. “Notícia tristíssima. Acordar e ver que perdemos um grande amigo. Talvez uma das maiores homenagens musicais que já recebi tenha sido dele, nos tornamos grandes amigos,", disse o ex-jogador ao “G1”.

Antes de morrer o artista estava preparando um novo disco de inéditas, depois de lançar mais de 40 álbuns durante a carreira. Não deu tempo.

HOMENAGENS.

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Além de Daniela Mercury e Zico, outras personalidades lamentaram a morte de Moraes Moreira.

“Moraes Moreira nos deixa pra encantar o céu. Por aqui, ele fez a alegria do Brasil”, disse Luiz Thunderbird, músico e ex-apresentador da “MTV”.

"Menino do sertão da Bahia, ouviu encantado a música do mundo e fez dela seu universo expressivo. Deixa saudade e uma grande obra", escreveu Gilberto Gil.

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Alceu Valença relembrou de momentos vividos entre os dois, e finalizou: “Abraço forte meu irmão. Você continuará através de suas músicas a comover e alegrar os corações e mentes de nossa gente”.

Gal Costa, que gravou sucessos do compositor, também se lamentou. “Que ele fique em paz, que esteja em um lugar lindo e maravilhoso. A gente perdeu uma pessoa maravilhosa e um músico, compositor, incrível.

Para Bruno Perdigão, integrante do bloco carnavalesco Luxo da Aldeia, de Fortaleza, que já fez apresentações com o baiano, Moraes tem importância gigante para a cultura nacional. “A batida de violão, a alegria dos novos baianos, a guitarra baiana, o trio, os carnavais, o amor pelas coisas brasileiras. Sempre gostei de olhar pro Brasil pelo olhar dele, um Brasil que é muito mais bonito do que este que estão tentando nos empurrar goela abaixo”, disse.

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Dias antes de morrer, Moraes Moreira escreveu um cordel sobre a pandemia do novo coronavírus e outros problemas nacionais, como a violência e as milícias. Os versos se iniciam assim: “Eu temo o coronavírus / E zelo por minha vida / Mas tenho medo de tiros / Também de bala perdida / A nossa fé é vacina / O professor que me ensina / Será minha própria lida”.

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