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TENSÃO

Biden testa míssil nuclear, enquanto Putin acusa EUA de provocarem a China

O balé político entre as potências envolvidas na Guerra Fria 2.0 ganhou esses passos de convergência nesta terça

IGOR GIELOW, da FOLHAPRESS

Publicado em 16/08/2022 às 09:35

Atualizado em 16/08/2022 às 15:14

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Os testes aumentam a tensão entre EUA e Rússia em meio à guerra na Ucrânia / Reprodução/Youtube

No mesmo dia em o governo de Joe Biden fez um teste do "preparo de suas forças nucleares", com o lançamento de um míssil intercontinental Minuteman-3, a Rússia acusou Washington de buscar criar uma nova Otan na Ásia e de provocar deliberadamente a China em Taiwan. 

O balé político entre as potências envolvidas na Guerra Fria 2.0, que ganhou dramaticidade a partir da invasão da Ucrânia por Vladimir Putin em fevereiro, ganhou esses passos de convergência nesta terça (16). 

Os EUA testaram o Minuteman-3 após um breve adiamento, justamente devido à crise em Taiwan, disparada na semana retrasada quando a presidente da Câmara americana, Nancy Pelosi, visitou a ilha que Pequim trata como uma província rebelde a ser subjugada. 

Os americanos não queriam dar a impressão de que estavam a escalar a crise, já que os chineses responderam à primeira visita de tal nível a Taipé em 25 anos com uma série inédita de exercícios militares que basicamente simularam o bloqueio e invasão de Taiwan. Na segunda (15), uma nova visita de parlamentares americanos à ilha foi respondida com novas manobras, estabelecendo assim um perigoso padrão. 

O LGM-30G Minuteman-30 é o míssil americano baseado em silos terrestres para uso em caso de confronto nuclear. Ele pode carregar três ogivas nucleares de menor potência, mas os EUA preferem tal configuração múltipla em seus modelos lançados por submarinos Trident. Seu alcance é de 10 mil km e o arsenal atual é de 400 unidades. 

O teste, segundo o Departamento de Defesa, visou "mostrar o preparo das forças nucleares dos EUA e fornecer segurança sobre sua letalidade e eficácia". 

A carta nuclear tem sido mostrada com frequência assustadoramente natural desde que a Guerra da Ucrânia começou, com Putin sugerindo usar essas armas contra quem interviesse em sua ação e colocando suas forças estratégicas em alerta. Neste mês, ironicamente, a ONU discute a revisão do Tratado de Não Proliferação Nuclear, para provavelmente pouco efeito.

Em Moscou, na abertura de um fórum de segurança, Putin atacou as ações dos EUA contra a China, sua aliada que desde 2017 trava a Guerra Fria 2.0 com Washington. Segundo ele, a visita de Pelosi foi "uma provocação cuidadosamente preparada". 

"Não foi apenas uma visita de uma única política irresponsável, mas parte de uma estratégia proposital e consciente americana para desestabilizar e semear o caos na região e no mundo", afirmou Putin. 

O presidente também afirmou que "o Ocidente coletivo está buscando estender seu sistema de blocos para a Ásia-Pacífico de forma análoga à Otan na Europa". "Para isso, alianças político-militares agressivas estão sendo formados, como o Aukus e outros", completou. 

O Aukus é o pacto militar entre EUA, Austrália e Reino Unido, que visa capacitar Camberra com submarinos de propulsão nuclear e aumentar a pressão no entorno chinês. O governo de Joe Biden também tem investido no Quad, aliança com Japão, Índia e Austrália de caráter mais político, mas com o mesmo fim.

A fala de Putin seguiu a linha adotada por ele e pelo líder chinês Xi Jinping, de defender uma ordem mundial multipolar em oposição ao que chamam de busca por hegemonia de Washington -que estaria encarnada no regime de sanções adotado contra a Rússia. Chamou os americanos de "neocolonialistas", exatamente a acusação que vem recebendo por sua guerra de conquista na Ucrânia. 

Essa confluência de crise tem sido trabalhada, na retórica, por chineses e russos, mas também pelo Ocidente: a Otan, em seu novo Conceito Estratégico publicado este ano, colocou os dois rivais no centro de suas preocupações.

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