Publicidade

X

Brasil

Bolsonaro analisa crise na Venezuela

OPINIÃO. Bolsonaro diz que Maduro não deixa o cargo se Exército não for enfraquecido

Matheus Herbert

Publicado em 04/05/2019 às 01:00

Comentar:

Compartilhe:

A-

A+

Publicidade

Em cerimônia, presidente Jair Bolsonaro disse também estar preocupado com as eleições argentinas / /Antonio Cruz/ Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) avaliou nesta sexta-feira que o ditador Nicolás Maduro não deixará o poder na Venezuela se a Forças Armadas do país vizinho não foram enfraquecidas.

Em conversa com jornalistas, na saída de cerimônia de formatura de diplomatas em Brasília, ele disse esperar que a divisão iniciada na base das forças militares se estenda para os generais da cúpula, que seguem leais ao ditador.

"A gente espera que essa fissura, que está na base do Exército, vá para cima. Não tem outra maneira. Se você não enfraquecer o Exército da Venezuela, o Maduro não cai", afirmou.

O presidente também disse que não tem o que dialogar neste momento com Maduro. Segundo ele, o que o governo brasileiro deseja, que é a sua saída do cargo, ele não atenderá.

"Não tem o que conversar com ele. O que nós queremos, no meu entender, ele não vai ceder", disse.

Em fevereiro, Bolsonaro declarou apoio ao líder oposicionista Juan Guaidó, que iniciou movimento nesta semana para tentar derrubar o ditador. Ao todo, quatro civis morreram em protestos contra Maduro e cerca de 200 pessoas ficaram feridas nos dois primeiros dias de protestos, segundo dados da ONG Foro Penal.

Guaidó convocou passeatas para o sábado (4). O plano é ir até os principais quartéis da Venezuela, em um novo desafio ao ditador após a frustrada rebelião militar de terça-feira (30).

ARGENTINA.

Na mesma ocasião, Bolsonaro afirmou que está mais preocupado com uma eventual vitória da senadora Cristina Kirchner nas próximas eleições presidenciais na Argentina do que o conflito interno na Venezuela.

"A minha maior preocupação é com a Argentina hoje em dia", respondeu o presidente ao ser questionado sobre a crise política na Venezuela. "Vai no limite do [Palácio do] Itamaraty", acrescentou quando questionado sobre o que o Brasil poderia fazer. Ele já tinha feito uma declaração semelhante na quinta-feira (2), durante entrevista ao "SBT".

A sucessão presidencial na Argentina também ocupou parte do discurso de Bolsonaro aos futuros diplomatas, em cerimônia promovida no Ministério de Relações Exteriores. Sem citar nominalmente Kirchner, ele disse que a volta da ex-presidente de esquerda ao país vizinho poderia criar uma "nova Venezuela" na América do Sul.

"Além da Venezuela, a preocupação de todos nós deve voltar-se à Argentina, sobre quem poderá voltar a governar aquele país", afirmou. "Não queremos, o mundo inteiro não quer, outra Venezuela mais ao sul do nosso continente", acrescentou.

Em live nas redes sociais, promovido na quinta, Bolsonaro também já tinha se envolvido na sucessão eleitoral da Argentina e apelado aos eleitores do país vizinho para que não reconduzam a ex-presidente, que comandou a Argentina de 2007 a 2015.

Macri tem uma postura alinhada à de Bolsonaro, mas seu governo tem enfrentado uma crise econômica e seu desempenho em sondagem recente foi inferior ao da senadora em um eventual segundo turno. A eleição presidencial foi marcada para 27 de outubro.

Bolsonaro disse que se o governo atual não tem tido um desempenho satisfatório, é necessário ter paciência, uma vez que, na opinião dele, Macri ainda pode melhorá-lo. Em sua fala, o presidente pediu até mesmo a Deus para que Cristina não volte ao comando da Casa Rosada.

Cristina deve se sentar pela primeira vez no banco dos réus, no dia 21 de maio, em julgamento que envolve a acusação de desvio e lavagem de dinheiro público por meio dos hotéis que pertencem à família Kirchner na Patagônia.

Mesmo investigada, ela pretende concorrer ao cargo. O anúncio oficial deve acontecer no próximo dia 20. Cristina pode responder ao processo, mas, se a Justiça determinar sua prisão, precisa pedir ao Congresso que retire seu foro privilegiado. (FP)

Apoie a Gazeta de S. Paulo
A sua ajuda é fundamental para nós da Gazeta de S. Paulo. Por meio do seu apoio conseguiremos elaborar mais reportagens investigativas e produzir matérias especiais mais aprofundadas.

O jornalismo independente e investigativo é o alicerce de uma sociedade mais justa. Nós da Gazeta de S. Paulo temos esse compromisso com você, leitor, mantendo nossas notícias e plataformas acessíveis a todos de forma gratuita. Acreditamos que todo cidadão tem o direito a informações verdadeiras para se manter atualizado no mundo em que vivemos.

Para a Gazeta de S. Paulo continuar esse trabalho vital, contamos com a generosidade daqueles que têm a capacidade de contribuir. Se você puder, ajude-nos com uma doação mensal ou única, a partir de apenas R$ 5. Leva menos de um minuto para você mostrar o seu apoio.

Obrigado por fazer parte do nosso compromisso com o jornalismo verdadeiro.

Deixe a sua opinião

VEJA TAMBÉM

ÚLTIMAS

Estado

Homem de 24 anos morre soterrado em obra na avenida Santo Amaro, em SP

O funcionário terceirizado da Sabesp teve parada cardiorrespiratória

Estado

Asfalto afunda e prende avião na pista do aeroporto de Congonhas

Os passageiros tiveram que desembarcar do avião, que estava prestes a decolar e a aeronave teve de ser rebocada

©2021 Gazeta de São Paulo. Todos os Direitos Reservados.

Layout

Software