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Bolsonaro interfere na alta do diesel

NELY

Publicado em 13/04/2019 às 01:00

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O presidente Jair Bolsonaro admitiu, na sexta-feira, que determinou a suspensão do reajuste de 5,7% no preço do diesel (o litro passaria de
R$ 2,1432 para R$ 2,2662), anunciado na quinta-feira pela Petrobras. O novo valor começaria a ser cobrado na sexta, mas vai ficar suspenso até que os técnicos da estatal justifiquem ao presidente a necessidade do aumento.

"Eu liguei para o presidente sim. Me surpreendi com o reajuste de 5.7%. Não vou ser intervencionista. Não vou praticar a política que fizemos no passado, mas quero os números da Petrobras", afirmou o presidente.

As ações da Petrobras, que já haviam começado o dia em queda na Bolsa de São Paulo e em Nova York, aceleraram a tendência negativa após as declarações de Bolsonaro. Às 13h15, as ações ON caíam 7,19%, mas chegaram a perder 7,50%. Já os papéis PN recuavam 6,86%. Pouco antes das declarações de Bolsonaro, as ações perdiam cerca de 5%.

Se fosse efetuada, a alta divulgada na quinta-feira seria a maior desde que os presidentes da República, Jair Bolsonaro, e da petroleira, Roberto Castello Branco, assumiram os cargos. Até então, a maior alta tinha sido de 3,5%, registrada no dia 23 de fevereiro. Com exceção desses dois casos, os preços variaram em intervalos de 1% a 2,5%. Para Bolsonaro, o valor não corresponde com a inflação projetada para o período.

"Na terça-feira, convoquei todos da Petrobras para me esclarecer o porquê dos 5.7 quando a inflação projetada para este ano está abaixo de 5. Só isso e mais nada. Se me convencerem, tudo bem. Se não me convencerem, vamos dar a resposta adequada a vocês", afirmou.

Em março, a Petrobras se comprometeu a congelar o preço do óleo diesel nas refinarias por pelo menos 15 dias. Por causa da política de preços dos combustíveis da Petrobras, os caminhoneiros pararam o País, em maio do ano passado. Neste início de ano, com o petróleo em alta, o diesel voltou a ser uma ameaça e mais uma vez a classe avalia cruzar os braços.

O problema começou ainda na gestão do ex-presidente da companhia Pedro Parente que, para recompor o caixa, determinou a revisão diária da tabela nas refinarias, em linha com o mercado internacional. Sem saber o preço que pagaria pelo combustível no fim de uma viagem, os caminhoneiros entraram em greve e Parente perdeu o cargo.

Além disso, para encerrar os protestos, o governo ainda subsidiou o combustível por um semestre. Apenas em 2019, o diesel voltou a ser reajustado periodicamente, semanalmente. Nesta terça, sob ameaça de nova greve, a Petrobras anunciou que vai manter os preços inalterados por, pelo menos, mais uma semana.

"Eu estou preocupado com o transporte de carga, com os caminhoneiros. São pessoas que realmente movimentam as riquezas. Queremos um preço justo para o óleo diesel", disse Bolsonaro. Pela manhã de sexta, o vice, Hamilton Mourão, afirmou, em entrevista à "CBN", que a determinação de Bolsonaro para a Petrobras recuar do reajuste no diesel foi um caso "isolado". Também disse crer em bom senso e que não se repetirá a política de preços adotada do governo Dilma Rousseff (PT), que segurou os preços dos combustíveis para manter a inflação dentro da meta.

O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência monitora atentamente as movimentações de caminhoneiros em direção a uma nova greve desde o mês passado. O governo quer evitar o início de uma greve com receio de que tome as mesmas proporções da que ocorreu no ano passado, quando a paralisação durou 11 dias. (EC)

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