A incoerência é fruto da forma pela qual esses protestos surgiram e foram planejados: de forma espontânea e popular, sem uma liderança clara
Carreata pró-Bolsonaro ocorrida em 2019. Modelo deste final de semana deve ser semelhante. / Marcelo Camargo/Arquivo/Agência Brasil
Em convocações para as carreatas deste sábado (18) e domingo (19) pelo WhatsApp e redes sociais, palavras de ordem contra o que os manifestantes consideram ser uma ditadura do governador João Doria (PSDB) se misturaram a pedidos de intervenção militar para proteger o governo de Jair Bolsonaro (sem partido).
A incoerência é fruto da forma pela qual esses protestos surgiram e foram planejados: de forma espontânea e popular, sem uma liderança clara.
Tanto é que, ao longo da semana, duas carreatas distintas, com temas a princípio diferentes, foram convocadas: uma para o sábado (mais orgânica) e outra para o domingo (essa, sim, com um movimento, o Nas Ruas, por trás).
O público de ambas, no entanto, tende a ser o mesmo: apoiadores de Bolsonaro vestidos de verde e amarelo, embora a convocatória se dirija a qualquer comerciante indignado com o fechamento de seu estabelecimento.
O pano de fundo dessas mobilizações é a divergência em torno das medidas de contenção do novo coronavírus. Enquanto o presidente minimiza a importância do isolamento social, Doria acaba de prorrogar a quarentena no estado de São Paulo até 10 de maio.
Movimentos de direita organizados, que costumam liderar manifestações bolsonaristas, dizem estar apenas dando divulgação a essas carreatas espontâneas em São Paulo, mas sem coordená-las.
É o caso do Movimento Conservador e do Avança Brasil, que divulgaram as duas últimas carreatas. Os líderes desses movimentos, porém, dizem desconhecer quem tomou a frente desses protestos – que tinham Doria, o isolamento, a imprensa, a China e o comunismo em sua mira.
Enquanto os atos de sábado tinham como tema o impeachment de Doria, a carreata do Nas Ruas é contra o projeto de socorro aos estados que tramita no Congresso e a favor do chamado isolamento vertical, ou seja, apenas de grupos de risco.
O embate entre Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), inflamou ainda mais a manifestação, que passou a pedir também o "fora, Maia". Na quinta (16), o presidente acusou Maia de conspirar para derrubá-lo.
A convocação do Nas Ruas pede que os manifestantes se protejam do vírus: fiquem dentro dos carros e usem máscaras e álcool em gel.
Em meio aos posts de divulgação das carreatas, começaram a surgir planos de ir a porta de quartéis pressionar as Forças Armadas para intervir a favor de Bolsonaro, fechando o Congresso e o Supremo Tribunal Federal.
Os movimentos que apoiam a carreata de sábado dizem não responder pela de domingo, assim como o Nas Ruas afirma não ter detalhes sobre a de sábado. Todos os grupos, porém, dizem rechaçar a pauta da intervenção.
Além de São Paulo, já houve carreatas no Rio, em Brasília, Belo Horizonte, Fortaleza, Aracaju e outras cidades.
No Rio, as carreatas têm se formado principalmente nas zonas oeste e sul da cidade, normalmente puxadas por um carro de som e acompanhadas pela escolta da PM.
Muitas buzinas, algumas bandeiras do Brasil, gritos de "mito" e às vezes o hino nacional avisam que o grupo está chegando para quem está nas janelas, que não raro reagem com "fora, Bolsonaro".
Já a crítica ao governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), aparece em cartazes de "fora, Witzel". De vez em quando, os manifestantes param e saem dos carros, formando uma aglomeração. Alguns com máscara, muitos sem, e outros a levam pendurada no pescoço.
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