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Duas cidades com barragens são evacuadas em MG

risco em barragens. Barão de Cocais e Itatiaiuçu foram evacuadas devido ao risco de rompimento de barragens

ALINE

Publicado em 09/02/2019 às 01:00

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Famílias que deixaram suas casas foram atendidas no Ginásio Poliesportivo de Barão de Cocais / /Alessandra Torres/Eleven/Folhapress

Duas cidades de Minas Gerais foram parcialmente evacuadas na madrugada de sexta-feira devido ao risco de rompimento de barragens. Os alertas ocorreram em Barão de Cocais, a 100 km de Belo Horizonte, e Itatiaiuçu, na região metropolitana. Ao todo, cerca de 700 pessoas foram evacuadas.

Em Barão de Cocais (a 146 km de Brumadinho), a Vale deu início a uma evacuação de 500 pessoas das comunidades de Socorro, Tabuleiro e Piteiras.

A Agência Nacional de Mineração (ANM) determinou a implantação do Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM) após a avaliação de uma consultoria atestar que a estrutura não é estável -a empresa, Walm, negou a Declaração de Condição de Estabilidade à barragem.

A evacuação é uma medida é preventiva. De acordo com a mineradora, as inspeções no local foram intensificadas e consultores internacionais devem fazer nova avaliação no domingo (10).

Em vídeo postado em rede social, um homem de Santa Bárbara, município vizinho, registrou o alerta dos
alto-falantes.

"Atenção, atenção: isso é uma emergência. Atenção, atenção: essa é uma situação real de emergência de rompimento de barragem. Abandonem imediatamente suas residências, sigam pela rota de fuga até o ponto de encontro, e permaneçam até que sejam passadas novas instruções." Em seguida, é tocada a sirene.

Em nota, a prefeitura do município afirma que os moradores foram evacuados por ônibus da Vale e outros veículos para o ginásio poliesportivo da cidade.

A barragem Sul Superior tem volume de 6 milhões m³ de rejeitos principalmente de minério de ferro. Ela é uma barragem de 85 metros de altura, e segundo dados da ANM tem o risco enquadrado como baixo e o dano potencial como alto -ambos iguais à de
Brumadinho.

Ela é uma das dez barragens a montante inativas remanescentes da Vale e faz parte do plano de aceleração de descomissionamento de barragens a montante (com degraus sobre os rejeitos, sistema mais barato e menos seguro). A estrutura suportava a produção da mina de Gongo Soco, cuja produção de minério de ferro foi paralisada pela Vale em abril de 2016.

Em Itatiaiuçu, os cerca de 200 moradores do bairro de Pinheiros foram acordados por bombeiros e policiais militares por volta das 2h30. Os agentes passaram de casa em casa, por 52 residências, avisando sobre a evacuação com a sirene das viaturas ligadas.

O alerta aconteceu após a mineradora ArcelorMittal informar às autoridades que a avaliação de risco da barragem de rejeitos de Serra Azul, a cerca de 5 km do bairro, havia mudado do nível 1 para o 2, que exige retirada imediata da população. O sistema de sirenes da barragem não foi acionado.

Segundo o capitão Herbert Aquino, da Defesa Civil de MG, a intenção era não causar mais pânico após a tragédia de Brumadinho. Ele diz que foi uma medida de prevenção da empresa, que teria usado uma metodologia mais rigorosa de avaliação.

Com o alerta, os moradores se dirigiram para ruas altas da região, incluindo uma praça às margens da rodovia Fernão Dias. O caseiro Antônio Evêncio, 48, foi acordado pelo sobrinho batendo em seu portão. "Ele falou 'corre que vai estourar a barragem'. Pensei logo em Brumadinho", contou. Ao lado da praça, a população que ainda não estava no cadastro da mineradora foi sendo registrada: quem mora em área de risco está sendo levado a um hotel reservado pela empresa em Itaúna, a cerca de 25 km de distância (já são cerca de 70 pessoas hospedadas), ou pode optar por ficar em casa de parentes fora da área de risco.

Foi o caso do motorista Antônio Ferreira Gomes, 67, que decidiu ficar na casa da filha, em uma parte alta. "Eu não ouvi sirene nenhuma, só fiquei sabendo que tinha que sair porque minha nora que mora em frente veio gritando. Ela parece que ouviu chamarem", afirmou.

Já quem não mora em área de risco pôde voltar para casa. "Passaram no portão avisando e sai de carro na hora com meus filhos e minha mulher. Voltamos umas 5h30, porque disseram que não estávamos numa área perigosa", disse o também motorista Fernando José, 42. Segundo o Corpo de Bombeiros, a avaliação de quais famílias habitam a área de risco está sendo feita com base no plano de emergência da mineradora, que diz quais locais potencialmente seriam atingidos em caso de ruptura da barragem. (FP)

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