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A Capital é marcada pelo crescimento tão rápido quanto desordenado a partir da década de 1930 | Arte: Gazeta de S.Paulo
São Paulo comemorou 466 anos neste dia 25. Ao mesmo tempo que tem muitos motivos para comemorar, também tem problemas para resolver. A Capital é marcada pelo crescimento tão rápido quanto desordenado a partir da década de 1930. Desde então se marcou por ser um lugar rico e desigual, cheio de oportunidades e de dificuldades.Uma pesquisa da Rede Nossa SP publicada nesta semana mostrou que 64% dos moradores sairiam da cidade se pudessem. Ao mesmo tempo, apenas 20% dizem ter orgulho da cidade. SP é a capital do amor. Mas é também do ódio.
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A Gazeta listou desafios da Capital para o futuro – para, quem sabe, um dia pelo menos 64% dos paulistanos respondam que não sairiam de São Paulo de forma alguma.
EDUCAÇÃO
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Uma pesquisa do Datafolha indicou que a educação é considerada o segundo principal problema do País, atrás apenas da saúde. Uma das reclamações constantes em relação à educação paulistana é sobre o déficit de vagas em creches. Cerca de 9.670 crianças estão à espera de uma vaga em creche. A gestão Bruno Covas (PSDB) afirma ter reduzido em 50,9% a fila entre os anos de 2018 e 2019. Para atender às quase 10 mil crianças que ainda não têm vaga, a prefeitura tem dois programas: Mais Creche e Bolsa Primeira Infância. Outra queixa recorrente de pais e alunos é a falta de material para desenvolver uma educação semelhante aos bons colégios particulares. De acordo com análise de Mônica Moraes, coordenadora educacional do Centro Educacional Taboão, a estrutura em parte das instituições públicas ainda é precária. “O maior problema é a falta de verba e a desvalorização da profissão tanto pelas políticas públicas quanto pela sociedade”.
MOBILIDADE
Para o urbanista Geraldo Moura, não há segredo para tornar a capital paulista mais eficiente e inteligente na questão da mobilidade urbana. Para ele, o Metrô e, em parte, a rede da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) devem ser priorizados para os deslocamentos de maior capacidade. Ele acredita que a rede metroviária deve superar a lógica radiocêntrica (ou seja, que se baseia no centro da cidade), como são a maioria de suas linhas, com exceção da Verde e Lilás. “Seria importante criar outras centralidades – que podem estar em municípios como Guarulhos, Osasco ou no ABC – e possibilidades dentro do território municipal. Em apoio a esse modo, e em locais onde não haja opção ferroviária, os corredores são fortemente indicados mas com uma preocupação em garantir a qualidade urbana do entorno, incentivando e não inibindo os usos do lotes lindeiros”, explica Moura.
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São Paulo tem seis linhas de Metrô (incluindo as linhas operadas por concessionárias) e 87 estações. Uma nova linha, a Laranja, está prevista para ser inaugurada em 2024. A rede de trilhos do Metrô de São Paulo tem 101 km de extensão.
Para deslocamentos menores, o especialista diz ser fundamental o incentivo forte em meios não motorizados. “Isso significa, às vezes, implantar estruturas que, no primeiro momento, serão pouco utilizadas mas, gradativamente, vão ganhando público e atenção. Significa, finalmente, a construção de espaços públicos agradáveis, de passeios seguros e confortáveis que convidem os cidadãos e cidadãs a utilizarem a cidade”.
URBANISMO
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Na década de 1930 São Paulo ultrapassou a marca de um milhão de habitantes e começou a se firmar como a cidade mais populosa do País. Em nome do que acreditavam ser o progresso, sucessivas gestões municipais enterraram rios para construir avenidas por cima, incentivaram a criação de edifícios e condomínios para a classe alta e média e foram expulsando para cada vez mais longe os pobres.
“Esse modelo se acentuou durante o regime militar [1964-1985], época de maior proliferação de favelas na cidade, criando enormes periferias com alto grau de precarização e ausência de serviços básicos”, explica o urbanista Geraldo Moura, que também é doutor em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade São Paulo (USP).
Para reverter a lógica e tornar São Paulo um lugar com mais qualidade de vida, o especialista explica quais são os principais desafios urbanísticos da Capital: mais oportunidades de serviços e empregos para as periferias; mais moradias para classes sociais mais baixas para o centro; inibir a cidade murada e a proliferação de condomínios, incentivando a criação de espaços de convívio, principalmente entre diferentes; e possibilitar cada vez mais espaço para ônibus e meios não motorizados.
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“Ao segregar o território para determinadas classes, a cidade tem que transportar multidões das áreas mais baratas e distantes para os locais onde se concentra o emprego, isso é caríssimo e atinge diretamente para o cidadão. Existem especialistas, por exemplo, que afirmam que, se não houvesse subsídio na tarifa do transporte em São Paulo ela já teria superado os R$ 7. Incentivar moradias de todas as classes no centro reverte um pouco essa lógica”, explica.
“Independentemente da questão social e ideológica, o incentivo da ocupação do centro por moradias de diversas classes sociais é, antes de tudo, uma medida racional que diminui os custos da cidade”, finaliza o urbanista.
CENTRO
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Antes símbolo de orgulho dos paulistanos, o centro da Capital passou a partir da década de 1970 a se tornar um lugar degradado e decadente. Para tentar reverter esse cenário, a gestão Bruno Covas lançou em 2018 o projeto Triângulo SP, que visa tornar o centro histórico um lugar mais atraente para moradores e turistas tanto à noite quanto aos fins de semana.
No ano passado as ruas e praças da região central da maior cidade do País começaram a receber eventos e espetáculos artísticos variados, que já somaram cerca de 100 mil visitantes.
O projeto é baseado em quatro ações prioritárias: infraestrutura (com reforma de calçadão, mais iluminação, sinalização turística, entre outras ações), segurança (com mais presença da Guarda Civil Metropolitana e da Polícia Militar e mais câmeras de segurança), limpeza e assistência social (que, segundo a prefeitura, consiste em extensão do horário de atendimentos e intensificação das abordagens socioassistenciais e ampliação de reserva de vagas de acolhimento a pessoas em situação de rua).
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Só para a melhoria da infraestrutura, a Secretaria Municipal de Turismo teve um aporte de R$ 28 milhões do Ministério do Turismo.
Ao mesmo tempo, a prefeitura está reformando grandes espaços públicos do centro.
O destaque é uma obra que deve mudar de forma radical o aspecto do Vale do Anhangabaú. As obras chegaram a ficar paralisadas no ano passado após uma entidade entrar na Justiça alegando que não houve debates suficientes da gestão municipal com a sociedade para iniciar a readequação do vale, mas a justiça conseguiu derrubar a liminar. O novo Anhangabaú deve ser inaugurado em junho deste ano.
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Outro destaque que passa por readequação pela Prefeitura de São Paulo é o Largo do Arouche.
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