Há uma década, os jovens brasileiros tinham um só ídolo: o jogador de futebol. Hoje, disputam atenção com atletas de fisiculturismo, influenciadores fitness e treinadores de musculação. O que antes era nicho virou fenômeno de massa. O bodybuilding ganhou força nas redes sociais, e nomes antes restritos a competições agora inspiram milhões de seguidores a trocar o sofá pela academia.

Essa mudança de comportamento trouxe efeitos concretos. Segundo o SEBRAE Nacional, o número de academias no Brasil cresce, em média, 13,9% ao ano. De acordo com o HFA Global Report 2025, o país já ultrapassou a marca de 40 mil academias. Nesse ranking global, o Brasil ocupa a segunda posição, atrás apenas dos Estados Unidos.

No mercado de suplementação, pesquisas da ABIAD mostram que 59% dos lares brasileiros têm pelo menos um membro que consome suplementos. A principal motivação é o desejo de melhorar a saúde geral.

A pandemia de Covid-19 foi um ponto de virada. Em meio a perdas e reflexões, ficou claro que cuidar do corpo é cuidar da vida.

A medicina passou a recomendar atividade física como forma de prevenção, e o público, antes voltado principalmente para estética, passou a discutir imunidade, saúde mental e envelhecimento ativo. Isso modificou o mercado.

Cresceram academias voltadas a idosos, studios personalizados e treinos híbridos que combinam presencial e digital. Levantamentos do setor mostram que o número de alunos com mais de 65 anos aumentou de forma significativa entre 2022 e 2023. A musculação, antes associada à juventude, se tornou sinônimo de longevidade.

O fitness brasileiro deixou de ser apenas um conjunto de academias de bairro e se transformou em uma indústria bilionária. Dados da FecomercioSP indicam que os gastos com academias e produtos esportivos cresceram cerca de 32% em 2023, impulsionados pela retomada pós-pandemia e pela expansão dos studios especializados.

Hoje convivem academias boutique, boxes de crossfit, studios funcionais, clínicas de performance e até academias pet friendly. O consumidor busca personalização, propósito e experiência. E o mercado responde com velocidade.

Eventos de grande porte tiveram papel essencial na consolidação desse ecossistema. O Arnold Sports Festival South America, que recebe mais de 100 mil visitantes e movimenta cerca de R$ 1 bilhão em negócios, é o maior evento multiesportivo e de bem-estar da América Latina.

Além de impulsionar o bodybuilding, o Arnold conecta marcas, atletas e profissionais, servindo como vitrine de tendências e referência internacional.

A ExpoNutrition, criada em 2011, também foi decisiva. Foi um dos primeiros eventos dedicados ao mercado de suplementação no Brasil e marcou o início da profissionalização desse segmento. Ao reunir nutrição esportiva, medicina, educação física e bem-estar, aproximou ciência e consumidor e fortaleceu a cultura da suplementação e da alimentação equilibrada.

Outros encontros relevantes, como o Mr. Olympia Brasil, a Naturaltech, a Fitness Brasil e a Apas, ajudam a movimentar a indústria e ampliam o diálogo entre saúde, nutrição, varejo e performance. Esses eventos elevam a visibilidade do fitness como um importante vetor econômico e social.

O que se observa hoje é a consolidação da economia do bem-estar. O fitness deixou de ser apenas estética e se tornou um pilar de saúde pública, produtividade e geração de empregos.

Segundo o Conselho Federal de Educação Física, o Brasil tem mais de 650 mil profissionais registrados. Já o Conselho Federal de Nutricionistas aponta mais de 194 mil nutricionistas em atividade. Esse universo continua crescendo para atender a demanda.

A tendência mundial aponta para um conceito de bem-estar integrado, que une corpo, mente e longevidade. No Brasil, essa visão ganha força com a criatividade do mercado e com a paixão nacional pelo movimento.

O novo Brasil do fitness é plural. É o jovem que encontra no treino um propósito. É o idoso que redescobre vitalidade na musculação. É a mulher que se afirma no espaço da força. É o médico que inclui exercício no cuidado diário. Esse conjunto movimenta a economia e transforma vidas. Se existe um novo músculo que impulsiona o país, ele está nas academias, nos eventos e na consciência coletiva de que viver bem é o melhor investimento possível.