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Palavras simplesmente evaporam, a mente fica em branco e parece que o tempo corre mais rápido do que o raciocínio
26/10/2025 às 12:00
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Muitos aprendizes acreditam que só devem começar a falar após dominar "todo o inglês", ou que basta ouvir e ler bastante para, um dia, as palavras simplesmente começarem a sair | Freepik
Você até entende inglês, mas na hora de falar... trava. As palavras simplesmente evaporam, a mente fica em branco e parece que o tempo corre mais rápido do que o raciocínio.
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A verdade é que isso é mais comum do que parece, e não tem nada a ver com falta de capacidade. A ciência explica: sob pressão, o cérebro bloqueia os circuitos neurais da fala. É o famoso “me deu um branco” em versão bilíngue.
Muitos aprendizes acreditam que só devem começar a falar após dominar “todo o inglês”, ou que basta ouvir e ler bastante para, um dia, as palavras simplesmente começarem a sair.
Essa crença vem, em parte, da Input Hypothesis, proposta pelo linguista Stephen Krashen, que defende a importância de alimentar o cérebro com muito inglês por meio de leitura e escuta. E ele está certíssimo: o input é essencial. Mas, como a ciência e a experiência mostram, na maioria das vezes ele não é suficiente.
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As habilidades receptivas (ler e ouvir) envolvem reconhecimento, enquanto as produtivas (falar e escrever) exigem formulação ativa. Quando falamos, precisamos escolher palavras, organizar frases, controlar a pronúncia e ainda lidar com a ansiedade, tudo em tempo real. É por isso que tanta gente entende tudo de um filme, mas trava quando precisa pedir um simples café em uma viagem.
Só se aprende a falar, falando. E a boa notícia é que existem jeitos inteligentes e estratégicos para destravar o speaking, mesmo quando você não tem com quem praticar todos os dias. A seguir, trago três caminhos cientificamente validados para você virar esse jogo.
1. Fale sozinho
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Parece coisa de maluco, mas falar sozinho funciona. Quando você fala em voz alta, ativa as mesmas áreas cerebrais envolvidas na comunicação real. A fala é uma atividade física: envolve o controle da língua, dos lábios e das cordas vocais. É preciso treinar esses “músculos linguísticos” para que a produção de sons e frases se torne automática.
Descreva o que está fazendo (“I’m making coffee”), conte o seu dia, narre o trânsito ou leia em voz alta. Momentos solitários como no carro, lavando a louça ou tomando banho são perfeitos para isso. E se alguém te olhar estranho, sorria e diga que está treinando o inglês. É uma forma mais sofisticada de parecer maluco.
A cereja do bolo é se gravar. Eu sei: dá vergonha. Mas gravar e depois ouvir a própria fala é uma das técnicas mais poderosas para evoluir. Você identifica o que precisa ajustar (pronúncia, ritmo, gramática) e percebe progressos reais.
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2. A técnica do shadowing
O shadowing consiste em ouvir um áudio e repeti-lo em tempo real, imitando o ritmo, a entonação e a pronúncia do falante. É como ser a sombra de quem fala.
Essa técnica transforma a escuta, normalmente passiva, em um exercício ativo. Você não apenas entende, mas também move a boca, acerta o ritmo e ajusta sua entonação. Um estudo recente com universitários mostrou que aprendizes que praticaram shadowing regularmente melhoraram significativamente a fluência, o vocabulário e até a precisão gramatical, em comparação com os que estudaram apenas de forma tradicional.
Comece com áudios curtos (30 segundos a 1 minuto) e repita várias vezes. Use vídeos de séries, podcasts, notícias, o que te interessar. A repetição vai naturalizando o idioma no seu aparelho fonador e, de quebra, te deixa com uma pronúncia muito mais fluida.
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3. Converse com pessoas reais
Por fim, o mais óbvio e o mais temido: conversar. Muitos evitam falar inglês com outras pessoas por medo de errar, mas é justamente no erro que o aprendizado acontece. A Output Hypothesis e a Teoria da Interação mostram que a necessidade de se expressar, de buscar palavras e de se fazer entender ativa mecanismos poderosos de aquisição linguística.
Quando conversamos, o cérebro sai do modo “assistindo à aula” e entra no modo “sobrevivência linguística”. É ali que ele aprende de verdade. A troca com outra pessoa também traz feedback imediato, pois você percebe o que funcionou, o que travou e o que precisa reforçar.
Procure conversar com pessoas de diferentes sotaques e níveis. Pode ser em aulas de conversação, grupos de estudo, amigos estrangeiros ou até chats de voz com pessoas de outros países.
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Afinal, inglês não é um dom, é uma prática. Falar exige sair do modo “entendo tudo, mas fico quieto” e entrar no modo ação. E quando der aquele branco, lembre-se: ninguém começa fluente. A fluência não aparece de repente, ela se constrói, frase a frase, erro a erro. O importante é continuar praticando, mesmo que com erros, pausas e tropeços. Porque é justamente praticando que o inglês deixa de ser um “conhecimento” e passa a ser uma habilidade viva.
Carina Fragozo é doutora em Linguística pela USP, criadora do canal English in Brazil, com mais de 2 milhões de inscritos no YouTube, e fundadora do curso online English in Brazil.
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