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Carina Fragozo

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Inglês no trabalho não é só para Faria Limer: é o idioma que move o mercado

Chamados Faria Limers representam uma geração conectada, globalizada e com um pé no inglês o tempo todo

19/10/2025 às 12:00

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Avenida Faria Lima é uma das mais importantes e movimentadas da cidade de São Paulo

Avenida Faria Lima é uma das mais importantes e movimentadas da cidade de São Paulo | Rovena Rosa/Agência Brasil

Você talvez já tenha ouvido um colega soltar um “vamos fazer uma call rapidinho?” ou um “preciso de um feedback até o EOD”, bem no meio de uma conversa em português. É o chamado “dialeto corporativo” dos tempos modernos, uma mistura de português e inglês que se popularizou especialmente entre os profissionais da região da Faria Lima, em São Paulo, símbolo do mercado financeiro e das grandes empresas.

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Os chamados Faria Limers representam uma geração conectada, globalizada e com um pé no inglês o tempo todo, seja em reuniões, relatórios ou conversas de corredor.

Mas a verdade é que o inglês corporativo já ultrapassou os limites da Faria Lima há muito tempo. Hoje, ele é a língua de quem trabalha em startups, multinacionais ou até em home office, conversando com colegas de outros países. Dominar esse idioma (e o jargão que vem junto) não é mais um luxo, é uma necessidade profissional.

O problema é que, muitas vezes, esse idioma paralelo parece uma sopa de letras. Se você já recebeu um e-mail cheio de siglas como FYI, EOD, OOO ou ASAP e ficou com cara de interrogação, saiba que não está sozinho.

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ASAP (As Soon As Possible), por exemplo, significa “assim que possível”, mas quem trabalha sabe que, na prática, quer dizer “agora”. Já EOD (End of Day) indica o prazo clássico de fim do expediente. Aliás, “prazo” em inglês é deadline, e o termo, apesar do nome elegante, tem uma origem nada glamourosa. Vem do inglês militar e significava literalmente “linha da morte”: o prisioneiro que cruzasse o limite pagava caro. No escritório, felizmente, o risco é menor (embora, por vezes, a tensão seja praticamente a mesma).

Outra sigla muito comum é FYI (For Your Information), usada para compartilhar algo sem exigir resposta: o famoso “só pra você saber”. Já OOO (Out of Office) significa literalmente “fora do escritório” e aparece em respostas automáticas de quem está de férias ou indisponível.

Mas o festival de letras não para por aí. Há ainda TBA (To Be Announced), usada para indicar algo que ainda será confirmado; ETA (Estimated Time of Arrival), essencial para definir prazos e entregas; e BTW (By The Way), que introduz observações adicionais em e-mails e relatórios, nosso famoso “a propósito”.

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Essas siglas cumprem um papel importante: economizam tempo e criam um código comum entre equipes espalhadas pelo mundo. Mas é bom lembrar que, em excesso, elas mais confundem do que ajudam, especialmente em times multiculturais. Afinal, nada mais constrangedor do que perder uma informação importante só porque o e-mail parecia um código secreto da CIA.

Além das siglas, o Business English está repleto de expressões que, se traduzidas literalmente, soariam quase poéticas. Let’s circle back to that (“vamos voltar a esse assunto depois”) é o jeito polido de dizer “não quero falar disso agora”. Já Keep me in the loop (“me mantenha informado”) é essencial para quem não quer ficar de fora das decisões. E Let’s touch base (“vamos alinhar rapidamente” ou "vamos nos reunir para falar sobre isso”) é aquele convite simpático que, no fundo, pode significar “precisamos resolver isso urgente”.

Dominar esse tipo de linguagem é mais do que um detalhe: é compreender o código cultural de como o mundo trabalha hoje. Afinal, nem todo mundo precisa virar um Faria Limer, mas, em um mercado global, quem não entende um ASAP pode acabar ficando OOO… por tempo indeterminado.

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Carina Fragozo é doutora em Linguística pela USP, criadora do canal English in Brazil, com mais de 2 milhões de inscritos no YouTube, e fundadora do curso online English in Brazil.

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