Um dos sonhos de todo trabalhador brasileiro é aposentar e viver os esperados momentos de descanso após uma trajetória de labor e dedicação na iniciativa privada ou no setor público. Na verdade, para a maioria, o trabalho pertence ao quotidiano, até os últimos momentos de vida.

O sistema previdenciário brasileiro possui grande cunho social e não necessariamente um processo que propõe fornecer benefícios derivados de um cálculo atuarial, resultando em certo valor ao contribuinte.

O sistema público possui objetivos sociais, ou seja, se propõe a fornecer recursos financeiros a várias ações sociaisexistentes, que vão desde auxílio-doença, acidentedo trabalho e até auxílio-reclusão. Dessa forma, nem todos os recursos arrecadados são direcionados ao contribuinte.

Além do regime geral possuir essa característica, há outra divergência, mas no modelo previdenciário dos servidores públicos. Neste, a alta cúpula da burocracia brasileira usufrui de todo tipo de benesse, que inexiste em boa parte do planeta.

A aposentadoria de alguns, pode ultrapassar os 6/8 mil dólares/mês. Somam-se, a esse seleto grupo, alguns da iniciativa privada, como os membros do alto empresariado, que sacam dividendos, pró-labores e outros benefícios derivados de aplicações no mercado de capital. Os dois grupos, unidos, não representam mais que 10% de toda a população brasileira.

No segundo time, se apresentam os demais profissionais, que, de alguma forma, conseguiram atingir o seu tempo de contribuição no setor público ou privado e poderão receber cerca de pouco mais de mil dólares ao mês. A grande maioria, menos de 500 dólares.

O sistema previdenciário brasileiro replica, como nos demais modelos sociais, uma desigualdade sem igual. A casa grande e senzala se instala, nesse modelo, perfeitamente.

Alguns, com o acolhimento no final de suas vidas, na grande casa e os demais, no legado das senzalas. Gilberto Freyre tão presente, nos modelos de submissão da população à criminalidade organizada, na política nacional tributária regressiva e no sistema previdenciário.

Após três artigos, almejaria que o grande professor estivesse errado ou extemporâneo, mas está presente e tende a ser atemporal.