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Heródoto Barbeiro

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Uma mulher no governo

A sociedade brasileira é, por tradição, machista e misógina

09/10/2025 às 18:47

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Dilma Rousseff foi eleita a primeira mulher presidente do Brasil

Dilma Rousseff foi eleita a primeira mulher presidente do Brasil | Roberto Stuckert Filho

É impensável. É inaceitável. É contra a tradição do Brasil. Uma mulher ocupar o posto político mais importante está mais para o campo da ficção do que para a realidade do dia a dia da nação. A sociedade brasileira é, por tradição, machista e misógina. O lugar reservado para as mulheres desde os tempos coloniais é casar, ter filhos para perpetuar a família e cuidar da casa.

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Os negócios de qualquer espécie devem e precisam ser geridos pelos homens, uma vez que as mulheres não têm ex- pertise para isso, dizem os arautos da masculinidade brasileira. Só mesmo um acidente de percurso poderia levar uma mulher a ocupar o governo do País. 

A tradição diz que as mulheres devem procurar um bom partido para casar. Pouquíssimas têm acesso aos cursos universitários: de Direito a Engenharia, só classes masculinas. É dai que saem muitos jovens em busca de uma noiva, filha de um abastado comerciante, banqueiro, fa- zendeiro ou alto funcionário público. Essa ascendência pode garantir um bom dote, um pecúlio que a noiva leva para o casamento, para bancar o início da vida do casal.

Não há mulheres nos partidos políticos, nem mesmo nos mais radicais, como os republicanos, que querem mudanças profundas sociais, políticas e econômicas. Nas reuniões partidárias, rara- mente se admitia uma mulher. Na galeria de ex-presidentes da legenda e políticos eleitos para a Câmara e o Senado, nenhuma foto feminina. Portanto, à primeira vista, está selado que elas não terão jamais o poder nas mãos.

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O Brasil vive um período de ameaça de confronto social. De um lado, a elite detentora do poder econômico e político, e de outro, uma massa de miseráveis. A maior parte é de negros e seus descendentes. O chefe do governo vive doente, e mais de uma vez viaja para tratamento de saúde no exterior. Cada vez que se ausenta passa o poder para sua herdeira. Isabel Cristina Leopoldina Augusta Gabriela Rafaela Gonzaga é a filha do imperador do Brasil, Pedro II. Este cada dia mais atacado pelo diabetes, procura tratamento na Europa e Isabel assume o trono com o título de Regente.

Em pleno século 19, uma mulher assume o governo da maior nação da América do Sul e que tem grandes problemas para resolver. Um deles é a crise provocada pela Guerra do Paraguai, que acabou em 1870. Outro é o crescimento dos movimentos republicanos e abolicionistas. Isabel contribui para o fim do escravismo e promulga a lei, aprovada no Parlamento, que acaba com o trabalho escravo em 1888. Festas, procissões, fogos de artifícios, missas, te Deum, capoeira, lundu, aplausos, editoriais dos jornais exaltam a Redentora. Alguém no bastidor diz que ela assinou mais do que uma Lei Áurea. Assinou o fim do Império e o advento da República.
 

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