É muito cedo para avaliar se um trabalho vai ou não dar certo apenas com dois jogos. Mas, é válido avaliar quais foram as primeiras impressões deixadas por Carlo Ancelotti no comando da Seleção Brasileira.

O destaque ficou para a solidez na defesa, que havia se perdido totalmente desde a saída de Tite. Alex Ribeiro mostrou muita força, confiança e boa saída de bola, sendo uma ótima reposição até que Gabriel Magalhães retorne.

O retorno de Casemiro também se mostrou certeiro, para a surpresa de quase ninguém. Mesmo sem tanta mobilidade como alguns anos atrás, o volante sabe se posicionar, controlar o ritmo de jogo e entrega uma segurança defensiva que nenhum outro atleta brasileiro entrega.

Foi a primeira vez desde a Copa do Mundo que a Seleção conseguiu atingir dois jogos seguidos sem sofrer gols, e mais: nem foi pressionado. Mérito de Ancelotti.

Além disso, mostrou duas formações diferentes em dois jogos pela Amarelinha: uma com uma equipe mais precavida e que não ameaçou tanto o Equador, e outra com um time mais ousado e para frente, que deu lapsos animadores do retorno da criatividade ofensiva.

Mudanças positivas

Matheus Cunha e Martinelli foram bem neste primeiro teste do italiano. Cunha não jogou como um 9 de área, veio de trás, em função parecida com a que brilhou na Premier League. Criou jogadas, se movimentou e deu a assistência para o gol de Vini.

Martinelli mostrou que a Seleção joga melhor quando tem um ponta realmente aberto pela lateral do campo, que parte para cima no um contra um e usa bem o corredor até o fundo do gramado. 

Raphinha e Vini foram mais discretos do que os outros dois, mas ainda assim apareceram. Raphinha armou a maior parte das jogadas e chamou a responsabilidade, não se escondeu do jogo. Vini errou muitas decisões no terço final, mas se mostrou mais confiante e motivado com a chegada do novo comandante.

Alterações e testes

O meio-campo mostrou um Bruno Guimarães mais inspirado na segunda partida, Gérson perdeu a vaga, mas entrou bem na parte final do jogo. Andrey acabou não brilhando na pouca chance que teve, e Andreas sequer esteve no banco na segunda partida.

Na parte dos laterais, talvez o calcanhar de Aquiles do time, Vanderson se mostrou apto para assumir a posição, precisa de sequência. Alex Sandro foi bem na primeira partida, mas na segunda acabou derrapando nas subidas ao ataque. Beraldo jogou pouco, entrou por cerca de 20 minutos, mas foi bem, seguro e entregou bem defensivamente e na armação de jogadas, vale a atenção como uma opção pela lateral-esquerda.

Quem não brilhou e opções de ataque

Quem saiu um pouco enfraquecido foi Estêvão, que não brilhou na sua chance e não entrou contra o Paraguai. Natural para um jogador tão jovem e que ainda precisa ser testado pelo treinador se vai jogar por dentro ou por fora.

Richarlison foi mal, e ele mesmo reconheceu isso. Homem de confiança de Ancelotti, não deixou a desejar na vontade, mas não brilhou tecnicamente, errando lances bobos. 

Com os possíveis retornos de Endrick, Neymar e Rodrygo na próxima convocação, cabe agora a Ancelotti decidir o que fazer. Na coletiva, deu a entender que Neymar faria a função de Matheus Cunha. Rodrygo poderia ocupar a vaga de Martinelli ou ser mais uma opção a Neymar, e Endrick, quem sabe, ser a opção de centroavante.

Próximos passos

O que não se pode deixar de lado são as coisas boas: manter a segurança defensiva e não esquecer que o time rende mais com um ponta aberto pelo campo, e não com três pontas construindo pelo meio, sem arriscar jogadas no corredor indo ao fundo de campo.

Falta um ano para a Copa do Mundo e agora a CBF pode esperar, Ancelotti vai trabalhar. Respaldo e confiança o comandante tem, falta saber agora se dará continuidade ao sistema na próxima data Fifa ou se irá testar novas variações. A classificação veio, falta agora, resgatar o brilho do futebol da Canarinho.