O Campeonato Paulista é o estadual mais difícil e equilibrado do Brasil. O regulamento deixa alguns questionamentos, é verdade, mas dentro de campo a emoção toma conta. Corinthians caiu no grupo mais fácil, passou com sobras e na liderança. Seu rival nas quartas quase foi rebaixado, precisou ganhar do Santos na última rodada para não cair e ainda de quebra conseguiu a vaga para o mata-mata.

Era TEORICAMENTE o confronto mais fácil. Mas mesmo em casa, o Corinthians decepcionou.

Palmeiras e Bragantino fazem companhia para o Ituano nas semis, e São Paulo e Água Santa definem nesta segunda a última vaga.

Que a justiça seja feita: o Ituano é um dos melhores times do interior. Mesmo com uma campanha bem abaixo do esperado na primeira fase desse Paulista. Campeão da Série C do Brasileirão em 2021, e quase promovido para a Série A em 2022. Último time do interior a conquistar o estadual, e com um bom trabalho a longo prazo.

Mas não há argumentos que diminua o fator vexame do Timão ser eliminado em casa, com um estádio lotado.

E não foi azar. O empate foi justo. Primeiro tempo do Ituano e segundo tempo do Corinthians. O gol do Paulinho saiu em um momento que o time não estava tão bem em campo.

Renato Augusto é craque, um jogador muito diferenciado, mas que pela idade, será desfalque em alguns jogos. Um time da importância do Corinthians não pode apresentar uma queda tão brusca de desempenho na ausência dele. Empate contra Inter de Limeira em 0 a 0 em jogo entediante, Renato entrou apenas nos minutos finais. Contra RB Bragantino e São Bernardo, com o maestro lesionado, o Corinthians foi dominado e perdeu ambos os jogos. Agora, no mata-mata de jogo único, novamente com a ausência do camisa 8, teve uma atuação sem grande criatividade e acabou dando adeus ao torneio mais fácil de conquistar em 2023.

A evolução citada por Duílio, presidente do Corinthians, é duvidosa. Embora as vitórias contra Santo André e Mirassol tenham sido convincentes, e a atuação no dérbi contra o Palmeiras também tenha sido muito boa, há tropeços que devem ser citados. O Timão foi o único rival que não venceu o Santos - time eliminado na primeira fase do estadual. Nos últimos 7 jogos, apenas as duas vitórias citadas acima. Uma derrota, quatro empates, e uma eliminação em casa.

Mesmos erros de 2022

O futebol apresentado mudou, mas os resultados nem tanto. Assim como sob o comando de Vítor Pereira, a equipe de Fernndo Lázaro apresentou grandes jogos em casa, mas atuações ruins fora. Apenas uma vitória como visitante: a quebra do tabu contra o São Paulo no Morumbi.

Muito se fala sobre a saída conturbada de VP do Timão - que demonstrou uma enorme falsidade com a diretoria e torcida alvinegra, que tanto defendiam sua permanência. Já os jogadores, não pouparam críticas ao ex-treinador, frisando que com Lázaro o clima estava melhor.

O fato é que clima não ganha taça, aliás, nem VP ganha também, seja no Flamengo ou no Corinthians.

A Fiel torcida apoia em todo jogo, mas parece que o foco dos jogadores neste estadual não foi jogar pela torcida apaixonada, mas sim alfinetar o ex-comandante. Yuri Alberto chegou a afirmar que o primeiro título pelo clube seria o Paulistão. Pois então significaria mais um ano de seca, já que agora Paulistão só pode ser conquistado pelo time de Itaquera em 2024.

Penalidade de Fagner

Pênalti é geralmente loteria, imprevisível. Errar, faz parte, mas insistir no erro, beira a ausência de inteligência ao montar uma estratégia. Se um jogador, seja ele craque ou figurante do elenco, não tem bom aproveitamento nas penalidades, ele não deve mais cobrar, isso é básico. Se um atleta perdeu pênalti na semifinal do Paulistão 2016 contra o Audax, na final do Paulistão 2018 contra o Palmeiras, na decisão da Copa do Brasil 2022 contra o Flamengo, por que ele deveria bater nas quartas de final do Paulistão 2023 contra o Ituano? Pois é, não deveria. Mas mesmo assim lá foi Fagner cobrar e perder novamente uma cobrança decisiva. Ainda que tenha sido a oitava cobrança, Gil (que também perdeu) e Pedrinho poderiam ter batido antes, restando apenas Cássio atrás de Fagner.

O trabalho de Lázaro tem suas partes positivas e negativas, e terá a chance de se provar agora nas grandes competições da temporada, para tentar evitar que o jejum de títulos aumente, sendo a última conquista em 2019.