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Com 69 lesões em 11 meses e uma dívida que não diminui, Tricolor Paulista se torna cada vez mais um clube coadjuvante
25/11/2025 às 05:00
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Crespo e diretoria do São Paulo mostram discursos de realidades diferentes do mesmo clube | Reprodução/Instagram Julio Casares
Em mais um fim de temporada melancólico para a torcida do São Paulo, o treinador parece ser o único na junção comissão técnica + diretoria, que realmente entende e deseja passar o cenário verdadeiro do clube para os torcedores.
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Hernán Crespo já concedeu diversas coletivas após seu retorno ao Tricolor Paulista, e em muitas delas deu respostas interessantes, que fugiram do protocolar e até escancararam a situação crítica que vive o clube, que um dia já foi referência no futebol brasileiro.
Entre um choque de realidade pela conquista de apenas um Paulistão nos últimos 20 disputados, ou o desabafo por inúmeros desfalques que parecem só aumentarem jogo após jogo, Crespo tenta mostrar para a torcida a situação verdadeira do São Paulo, a realidade que a diretoria parece se negar a aceitar.
Contrastando com as respostas do atual comandante tricolor, os dirigentes dão coletivas otimistas, se autoelogiando e dizendo que o elenco e o trabalho são bons. Na visão deles, não falta humildade, as vendas não foram baratas, e o cenário é otimista e animador.
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Para Crespo (ou para Zubeldía, ou ainda para Rogério Ceni, que já deixou a equipe há mais de dois anos), porém, o buraco é mais embaixo.
Como forma de "driblar" o elenco curto, muitas vezes os treinadores precisaram recorrer aos atletas de base, e as joias de Cotia costumaram responder. Com isso, a diretoria aproveitou para vender estes jovens nas primeiras ofertas para equilibrar as contas. Quem discordar das vendas não terem sido boas, "não tem visão de mercado" ou "não entendem a realidade do clube", na visão dos cartolas.
E com vendas ou não, as dívidas não diminuíram. Na verdade, ao longo dos anos, aumentaram. Um mix de emoção para o torcedor que viu o time sair da fila ao vencer o Paulistão de 2021 e a primeira Copa do Brasil de sua história, em 2023.
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Mas a conversa de Rogério Ceni, três anos atrás, já avisava: "é preciso apertar os cintos, montar um elenco econômico e avisar o torcedor que o clube ficará uns anos apenas arrumando a casa". Isso não foi feito, os gastos continuaram altos, na tentativa de disputar títulos, mas após a conquista da Copa do Brasil, o time ainda ganhou uma Supercopa em cima do rival Palmeiras, e então, foi coadjuvante em todas as outras competições.
Para o torcedor, muito se falou até em risco de rebaixamento e da meta de chegar logo aos 45 pontos e evitar um rebaixamento. Crespo, mesmo com um trabalho limitado e refém de uma formação só, ainda conseguiu fazer os pontos necessários. O time conseguiu, com muita luta, e agora tenta acumular pontos para sonhar com uma vaga na pré-Libertadores, não dependendo mais apenas de si, mas também de quem será campeão da copa nacional deste ano.
Entre os inúmeros problemas que vive o clube, o mais assustador em 2025 foi o do departamento médico: são 69 lesões confirmadas em 11 meses (e contando). É como se, na média, entre seis a sete jogadores se lesionassem por mês. Embora algumas fujam do controle do clube (como a tromboembolia pulmonar de Luiz Gustavo e o problema cardíaco de Oscar), há algo a ser revisto dentro do São Paulo.
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Crespo afirmou que chegou a trabalhar com apenas 13 jogadores para a preparação para o clássico contra o Corinthians, e, mostrando como a realidade do São Paulo hoje é muito diferente da de 17-20 anos atrás, disse que antes de buscarem atletas com técnica, precisam buscarem jogadores com saúde, para aguentarem os cerca de 60 jogos por ano.
Um clube grande que vai precisar contratar não por quem é melhor, mas por quem vai conseguir entrar em campo. E nisso, a diretoria tem grande culpa, pois vendeu inúmeros jogadores e encurtou o elenco, deixando a equipe sem peças de reposição.
E no quinto ano de gestão Casares, a "reconstrução" do clube parece não avançar, visto que Muricy Ramalho, coordenador técnico do clube e ídolo tricolor, disse que a tendência é que ano que vem seja ainda mais difícil. Isso sem falar do polêmico fundo de Cotia... Talvez a Leila Pereira, presidente do Palmeiras (ou Paulo Nobre, que iniciou a reerguida do Verdão) devessem dar uma aula de gestão para a diretoria tricolor.
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