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E eu, que nas últimas semanas tenho ficado de olho na vida dos outros para escrever esta coluna, desta vez resolvi falar da minha própria vida
13/09/2025 às 09:30
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Ministro Luiz Fux durante sessão na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) | Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
E eu, que nas últimas semanas tenho ficado de olho na vida dos outros para escrever esta coluna, desta vez resolvi falar da minha própria vida. Esta semana foi especial.
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Na quarta-feira, dia 10, minha esposa e eu comemoraríamos o aniversário do nosso primeiro beijo. Fizemos os planos no dia anterior. Acordamos na quarta-feira e, sobre a mesa, havia uma bela cesta de café da manhã.
Em seguida, havíamos planejado passar em um spa para uma massagem relaxante. Logo depois, nos presentearíamos com um almoço nas proximidades da Avenida Paulista.
À tarde, um passeio no Ibirapuera, um happy hour com drinques exóticos e, logo em seguida, uma extensa noite de amor. Esse era o roteiro perfeito, mas, ao cumprir a primeira etapa do dia — a do café —, caí na besteira de ligar a televisão.
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Entre um brioche e uma golada de suco natural, olhamos para a TV, e lá estava o nobre ministro Fux começando o seu voto no julgamento da suposta trama golpista.
Todos os canais transmitiam a cena, o que deu à coisa certo ar de final de Copa do Mundo. Sentamo-nos no sofá, à frente da TV, e combinamos: "Vamos só assistir ao voto dele e depois saímos."
Ao meio-dia, já estávamos com câimbras nas pernas; às duas da tarde, achávamos que já estava acabando, mas o homem continuava falando. Quando deu seis da tarde, fui acordado gentilmente de um breve cochilo e me deparei com Fux, que, nesse momento, causava certa sonolência também em seus pares no tribunal. Olhei-me no espelho da sala e vi que minha barba havia crescido.
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O tempo continuava passando, a noite chegou, e todos discutiam nas redes sociais o mesmo assunto que minha mulher e eu questionávamos desde o início da fala do ministro.
A discussão que se instalou entre minha esposa e eu, no sofá da minha casa, ganhara as ruas, e o Brasil inteiro parecia ter a mesma dúvida: é peruca ou não?
Foram treze horas olhando com atenção aqueles fios grisalhos que compunham uma cabeleira uniforme e sem falhas.
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Bom, o voto acabou e a hora já era avançada. E minha noite romântica?
Ah, bem que tentei entrar com um recurso para ganhar uns beijos da minha amada, mas ela apresentou embargos infringentes, colocou uma camisola tão fechada que mais parecia uma toga e foi dormir. Eu tentei pedir vistas do processo, mas acabei aceitando a decisão da minha eminente esposa e dormi também.
E vocês, ainda lembram quando e como foi o primeiro beijo na pessoa amada?
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