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Há cerca de dez anos, meu filho Luca, então com 6 anos, ganhou de presente um Shih Tzu
15/11/2025 às 05:00
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Impressionante como, em tão pouco tempo, o Mussum já tinha conquistado o carinho e a atenção de todos, menos a minha | Divulgação
Nunca fui muito afeito aos animais. Sempre os tratei com respeito, claro, mas aquela certa distância sempre me pareceu necessária. Primeiro porque, na juventude, desenvolvi uma alergia muito forte ao entrar em contato com um gato: ele miava e eu espirrava.
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Há cerca de dez anos, meu filho Luca, então com 6 anos, ganhou de presente um Shih Tzu. O cão era lindo, com o pelo bem pretinho. Homenageando um dos meus ídolos da comédia, sugeri que se chamasse Mussum. Ele rapidamente se tornou a sensação da casa. Impressionante como, em tão pouco tempo, o Mussum já tinha conquistado o carinho e a atenção de todos, menos a minha. Eu seguia frio e distante.
Gostava de vê-lo pela casa, mas nunca fui muito dado aos carinhos ou aos elogios ditos naquela voz infantil que deixa qualquer um ridículo.
Entre um latido e outro, fui me acostumando à nova rotina da casa. Certa madrugada, chegando de um show, entrei no quarto do Luca para dar um beijinho no moleque, que certamente dormia feito um anjo. Entrei sem fazer barulho, na ponta dos pés, e, quando me inclinei para dar um cheiro no menino, fui surpreendido pelo Mussum, que avançou em mim, latindo e rosnando.
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Ele se colocou entre mim e o Luca e não me deixava avançar de jeito nenhum. Com a confusão, a casa inteira acordou: luzes se acendendo, Luca despertando, minha mulher entrando no quarto e flagrando um embate entre mim e o cão. Eu dizia, com minha voz de humano, que naquela casa quem mandava era eu e que ele não podia fazer aquele escândalo todo.
Nesse momento, minha mulher entrou na discussão e começou a defender o cachorro. Tudo se acalmou e fomos dormir.
No dia seguinte, entendi um pouco do que havia acontecido. O nobre Mussum não estava me afrontando, e sim protegendo o meu filho. Refliti e, na língua dos humanos, pedi perdão ao bicho - já sem saber muito bem quem era o humano e quem era o bicho de verdade.
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De lá para cá, muitos anos se passaram e a minha relação com o cachorro não melhorou muito. Ele me desprezava e sempre rosnava para mim. Pedi perdão, comprei ração especial, ofereci petiscos, mas ele, o cachorro, parecia ter guardado mágoa daquela noite estressante para qualquer criatura - humana ou não.
Eu, já sem esperança, acabei sendo surpreendido esta semana por um gesto de carinho. Ele se sentou ao meu lado quando chegou do banho, rosnou carinhosamente (eu acho) e ali ficou, quieto, ao meu lado.
Falei na minha língua mesmo que o amava e que poderíamos começar uma nova relação. Ele parece ter topado. Fiquei feliz porque, no meu processo de evolução, sei que preciso me aproximar dos animais. Postei uma foto nas redes anunciando um novo caso de amor. E assim vou seguir.
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Mesmo vivendo uma experiência não tão boa na noite seguinte, preciso contar pra vocês. Cheguei de madrugada de um show, entrei no meu quarto e fui beijar minha amada. Fui atacado por um cachorro que eu achava que já havia me perdoado.
Eu disse: “Mussum, sou eu.” Mas nada adiantou. Ganhei uma leve mordida no braço. Minha mulher ria, ele latia e eu, perplexo, pensava: seria isso um Déjà vu?
É… nós, bichos, precisamos nos entender.
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