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Marcelo Marrom

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O prato do dia

Pra quem não sabe, hoje a minha principal fonte de renda são os shows corporativos

20/09/2025 às 09:30

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Lucas Leto interpreta o personagem Sardinha, em Vale Tudo, novela das 21h da Globo

Lucas Leto interpreta o personagem Sardinha, em Vale Tudo, novela das 21h da Globo | Reprodução/Instagram

Essa semana, vivi dias verdadeiramente inusitados. Pra quem não sabe, hoje a minha principal fonte de renda são os shows corporativos.

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Vivo indo de empresa em empresa, Brasil afora, levando motivação e provocando transformação, sempre usando a comédia e a música como ferramentas de comunicação.

E, nessa de cumprir o mandamento do mestre Milton Nascimento - que diz que "todo artista tem de ir onde o povo está" -, saí da minha humilde residência em São Paulo e parti rumo a Uberlândia. E foi nessa cidade ilustre, que compõe o Triângulo Mineiro, que minha aventura começa.

No aeroporto, fui recepcionado pelo motorista da empresa. O destino? A cidade de Vazante, a cerca de quatro horas de Uberlândia. O piloto, um homem simples, logo no início da caminhada nos alertou de que ficaríamos sem internet.

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E que problema pode haver nisso?, pensei.

A estrada é daquelas de mão dupla e sem acostamento. A paisagem, composta por lindas plantações de café e algodão, traz um certo ar poético. Tudo lindo, até que a profecia do motorista se cumpriu: fiquei totalmente sem internet.

Ao chegar ao destino, que tem uma igreja e uma praça, percebi a beleza incomparável de uma charmosa cidadezinha do interior.

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Já sem a luz do sol, vi garotos jogando bola num campo de terra batida. Lembrei da minha infância/adolescência, quando jogava até ninguém enxergar mais a bola. A falta de internet me fez reparar em coisas que eu já não reparava mais: as pessoas chegando à missa, senhores com seus bigodes elegantes jogando dominó na pracinha, e uma casa com a placa escrita: Vende-se geladinho.

Mas o que mais me chamou a atenção foi ver senhoras sentadas em cadeiras de praia, em plena calçada.

O papo parecia bom. A risada era frouxa e, pasmem, ninguém segurava um celular na mão. Eu passaria mais de um dia ali e resolvi ir a pé até o melhor restaurante da cidade.

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No caminho, eu e meu produtor, Thiaguinho Mil Grau - sim, esse é o nome dele -, resolvemos sacar o celular e tentar uma conexão milagrosa, mas logo escondemos os telefones ao avistarmos dois caras vindo em nossa direção numa moto. Eles passaram por nós, diminuíram a velocidade e falaram: “Aooooba!”. Nós, prontamente, respondemos: “Aooooba”, e seguimos.

No restaurante, uma placa que mais parecia um oásis no deserto: Wi-Fi grátis. Rapidamente, Thiaguinho sacou o telefone, até que eu propus um desafio: ficarmos até o final da viagem sem acessar a internet. Desafio aceito.

Comemos, fomos para o hotel e, no dia seguinte, fiz duas apresentações para os colaboradores de uma grande empresa de mineração. Entre uma apresentação e outra, fomos visitar uma mina de zinco. Adentramos 600 metros para baixo da terra e tivemos uma experiência incrível: ruas subterrâneas que formam um verdadeiro labirinto.

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Águas jorrando sem parar de um lençol freático, um silêncio sepulcral em alguns momentos e, quando desligamos as lanternas do capacete e do carro, uma escuridão assustadora, que eu nem sabia que era possível.

Voltamos à superfície, arrumamos as malas e fizemos o caminho de volta.

Na sexta, pela manhã, antes de embarcar de volta para São Paulo, resolvemos acessar a internet. Pode parecer pouco, mas um dia e meio longe das redes sociais aguçou demais a minha curiosidade.

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Será que o mundo mudou lá fora? Será que acharam a cura para o câncer? Será que a vida continua a mesma? O que será que está bombando agora nas redes?

Fiquei pasmo quando vi que, entre idiotas comemorando a morte de um ativista e o Flamengo, que ganhou mais uma, o assunto mais comentado era o Sardinha.

Sim, o prato do dia era o Sardinha: ator da novela Vale Tudo, que beijou na boca uma pessoa em um quiosque no Rio de Janeiro.

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A futilidade das notícias continua a mesma.

Cheguei em casa com ideias diferentes. Chamei minha esposa, peguei duas cadeiras de praia e pensamos em ficar por horas ali, batendo papo na calçada em frente ao prédio - mas desistimos da ideia quando avistamos dois caras numa moto vindo em nossa direção.

Minha intuição me disse que eles não falariam Aooooba!

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Observação: Para acessar fotos e vídeos da viagem é só visitar o perfil @marcelomarrom. 

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