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Marcelo Marrom

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Sou um jovem velho

Essa semana, no dia 22, completei 54 anos de idade; e o que pode ter mudado?

25/10/2025 às 09:30

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Marcelo Marrom completou 54 anos neste mês de outubro

Marcelo Marrom completou 54 anos neste mês de outubro | Thiago Neme/Gazeta de S.Paulo

Essa semana, no dia 22 de outubro, completei 54 anos. E o que pode ter mudado?

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Nunca fui de ligar muito para a idade, afinal, só envelhece quem vive. Mas às vezes assusta saber que, daqui a pouco, poderei entrar em um ônibus sem pagar passagem. Daqui a pouco poderei parar naquelas vagas pintadas de azul no shopping. Em breve serei chamado de “terceira idade”. Mas o que mudou, de fato? Muita coisa — ou quase tudo.

Gente, meu corpo hoje dói em lugares que eu nem sabia que existiam em mim. Chego do meu futebol como quem levou uma surra. E é no futebol que mais sinto o tempo pesar. Eu imagino uma jogada, minha mente dá a ordem para o corpo executar e, de repente, lá estou eu: estirado no chão, com o joelho levemente ralado e alguns amigos rindo em volta.

Na questão social, também sinto que a velhice chegou. Já não tenho muita paciência para papos que não levam a lugar nenhum, gente ficando bêbada na minha frente, homens que, ao se juntar com outros homens, dissertam sobre suas aventuras sexuais do último fim de semana. Enfim, será que estou virando um velho chato?

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Acho que não. Porque, por outro lado, tenho me sentido mais jovem a cada dia — jovem nas minhas escolhas, nas minhas renúncias, mais consciente do meu papel no mundo, dos meus amores e, principalmente, do que realmente vale a pena. Ah, se eu soubesse o que sei hoje há 30 anos... quantos erros eu evitaria, quantas dores, quanta gente eu pouparia, quantos amores deixaria de viver.

O saber é a maior conquista de uma pessoa de meia-idade. A evolução tem sido quase palpável.

Aceitar que tudo é como tem que ser, que as limitações impostas pelo tempo são bem-vindas, que o tempo passou mesmo — e que o novo sempre vem... ahhh, parece conformismo, mas é contentamento. E disso os coaches já não querem falar. O contentamento é uma dádiva dos céus.

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Mas tem uma coisa curiosa nessa idade também. Por mais que você se perceba mais sábio, mais esperto e mais experiente, de repente cai a ficha e você se dá conta de que não sabe nada. O tal “só sei que nada sei” começa a fazer muito sentido nessa fase da vida. Parece haver um certo despertar para a própria ignorância — e aquele jovem que sabia de tudo dá lugar a respostas mais centradas e certezas mais questionáveis. Aprender a ouvir é uma brasa, mora?

E se eu soubesse disso tudo antes? Se eu soubesse, não erraria como errei, não sofreria o que sofri, não passaria por tudo o que passei. Ou seja: não seria eu — com minhas dores e alegrias que me formaram, me moldaram e me tornaram quem sou. Por isso, cada cicatriz é válida e importante. A vida não tem manual, e cada um vive a sua história. Então, viva a sua vida — que é só sua e de mais ninguém.

Ah, e se você que leu essa coluna sabe o que significam “cair a ficha” e “é uma brasa, mora?”, é porque tem a mesma idade que eu — ou é mais velho. Então, curta a sua melhor idade. Viva meus 54 anos, rumo aos 103, onde pretendo chegar lúcido e jogando futebol.

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