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Estudos mostram que o peso corporal influencia salários, reputação e oportunidades; a magreza, mais do que estética, tornou-se sinal de disciplina e poder
17/12/2025 às 04:00
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Pesquisas de universidades americanas e britânicas mostram que pessoas consideradas magras ganham, em média, até 10% mais do que aquelas acima do peso | Nensuria/Freepik
A The Economist publicou o artigo “The Economics of Thinness”, mostrando o que muitos evitam admitir: A aparência física influencia o poder econômico.
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E, por mais incômodo que seja, eles estão certos.
Pesquisas de universidades americanas e britânicas mostram que pessoas consideradas magras ganham, em média, até 10% mais do que aquelas acima do peso.
Um estudo clássico conduzido pelos economistas Timothy Judge e Daniel Cable revelou que mulheres com peso abaixo da média recebem salários mais altos, enquanto aquelas que estão acima tendem a sofrer penalidades financeiras mesmo quando têm a mesma formação e produtividade.
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Outro levantamento, da Universidade de York, relaciona diretamente o peso corporal à condição econômica: quanto menor a renda, maior a probabilidade de sobrepeso e menor a capacidade de manter hábitos saudáveis de alimentação e exercício.
Em outras palavras, o corpo também é um reflexo do contexto em que se vive.
A The Economist chama isso de “economia da magreza”: um sistema em que o corpo se torna um indicador de autocontrole, disciplina e competência atributos valorizados em qualquer ambiente competitivo.
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No mercado, o corpo comunica. E o corpo magro comunica poder.
Essa leitura não é moralista; é pragmática.
A forma física, dentro das regras sociais atuais, é percebida como proxy de performance: quem demonstra cuidado pessoal tende a ser visto como alguém que também terá autocontrole profissional.
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Mas há um limite. Quando o mérito se confunde com estética, o conteúdo se perde na vitrine.
E é nesse ponto que a lógica econômica da magreza começa a distorcer a realidade: transforma disciplina em aparência, e saúde em padrão.
O que se observa hoje, especialmente após a popularização de medicamentos como o Ozempic e monjauro, é a criação de um novo tipo de elite, a elite bioestética.
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Aquela que pode pagar por saúde, tempo, descanso e tratamentos de ponta.
O corpo magro, portanto, virou uma moeda simbólica: quanto mais próximo do padrão, maior o crédito social, profissional e até afetivo.
É duro dizer, mas é real: a aparência ainda é um indicador social de performance. E ignorar isso é ignorar o modo como o mundo opera.
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O desafio está em encontrar equilíbrio: cuidar do corpo sem se tornar refém da vitrine, entender o valor da imagem sem a transformar em identidade.
A verdadeira discussão não é sobre “magreza certa” ou “errada”, mas sobre consciência estética inteligente: entender que o corpo é um ativo, sim, mas que ele não deve ser o único pilar da identidade.
No fim, a economia da magreza é um espelho do nosso tempo, um tempo em que quem controla o corpo controla também a narrativa.
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