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Saber escrever não é sinal de inteligência, é privilégio; entenda como o preconceito linguístico reflete desigualdade e o que podemos fazer, na prática, para mudar essa realidade
26/11/2025 às 02:00
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No Brasil, mais de 11 milhões de pessoas ainda não sabem ler nem escrever, e mais de 27% dos adultos são analfabetos funcionais | Rovena Rosa/Agência Brasil
Saber escrever não é sinal de inteligência, é privilégio. Entenda como o preconceito linguístico reflete desigualdade e o que podemos fazer, na prática, para mudar essa realidade.
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Li uma frase há alguns anos que nunca mais saiu da minha cabeça:
“Saber escrever corretamente não é inteligência, é privilégio.”
Na época, compartilhei uma conversa com meu pai que viralizou no país inteiro. Ele me mandou uma mensagem escrita do jeito dele, com erros, letras trocadas e um pedido de desculpas que me atravessou o peito: “Decupa pro nao sabe esr.”
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Eu respondi: “Eu amo você, e você não precisa saber escrever pra eu te amar.”
Parece simples, mas o impacto foi gigantesco. Muita gente me escreveu dizendo que nunca tinha pensado sobre isso, sobre o quanto rimos, julgamos ou desvalorizamos quem não escreve “certo”, sem perceber o abismo social por trás de uma vírgula.
No Brasil, mais de 11 milhões de pessoas ainda não sabem ler nem escrever, e mais de 27% dos adultos são analfabetos funcionais. Mesmo assim, tratamos o erro de português como sinal de burrice, e não como reflexo de um País que ainda falha em garantir o básico.
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Meu pai é um homem inteligente, sensato e bom. Ele só não teve as mesmas oportunidades que eu. É aí que mora o preconceito linguístico: quando a gente transforma o acesso à educação em medida de valor humano. A língua portuguesa é viva.
Ela muda, se mistura, se adapta, mas como a sociedade a usa continua servindo para excluir. A fala de quem vem da periferia, do campo, das ruas ou do Nordeste carrega história, resistência e cultura. A língua não é uniforme. É humana.
O ponto não é defender o erro, é defender o respeito. Porque corrigir alguém sem empatia é só uma forma disfarçada de humilhar.
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Se quisermos mudar essa realidade, precisamos fazer o básico com consciência:
O Brasil não precisa de mais gramáticos com dedo em riste. Precisa de mais gente disposta a escutar, ensinar e acolher.
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