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Memórias de Porto Feliz

O "Causo" do Sacristão e o Sino

Os causos são narrativas populares que unem os costumes do povo e o prazer de contar histórias

Maria Eduarda Guimarães

08/09/2023 às 10:59  atualizado em 08/09/2023 às 11:09

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Igreja Matriz de Nossa Senhora Mãe dos Homens Porto Feliz

Igreja Matriz de Nossa Senhora Mãe dos Homens Porto Feliz | Divulgação PMPE

A contação de “causos” é conceituada como um gênero discursivo que apresenta fatos reais ou fictícios em suas histórias, geralmente narradas de forma engraçada e com objetivo lúdico.

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Os “causos” são, portanto, narrativas populares que unem os costumes do povo e o prazer de contar histórias. Todo “causo” tem um aspecto irônico e ambíguo, que resulta no humor do texto.

Em síntese os “causos” são histórias vividas pelas pessoas ou então contadas por outras, que podem ser tanto acontecidas como inventadas, ou com partes reais e partes transformadas por aquele que conta.

Nesse contexto os antigos moradores de Porto Feliz diziam que nos velhos tempos, quando esta cidade era ainda uma Vila com pouco mais de cinco mil habitantes cujo núcleo urbano se consolidava ao redor da Igreja Matriz, por aqui viveu um personagem brincalhão e muito popular, conhecido pela alcunha de “Zé do Sino”. Era um jovem magrinho, de boa conversa, e até mesmo contador de causos, que distribuía alegria pelos lugares por onde passava.

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Costumava trajar elegantemente calça e paletó da mesma cor e, via de regra, como era o costume da época, ostentava um estiloso chapéu no clássico modelo panamá. Por ser um tipo popular “Zé do Sino” fazia parte do Grêmio Dramático local e, como bom músico que era, integrava a Banda de Música da Vila de Porto Feliz.

Trabalhava profissionalmente como Sacristão junto à suntuosa Igreja Matriz, da qual cuidava com muito esmero sob os olhares sempre vigilantes e austeros do Padre Vigário.  “Zé do Sino” dedicava um carinho todo especial pelos sinos da igreja, os quais, na condição de sineiro, tocava com maestria e sempre de acordo com as exigências canônicas das mais variadas situações.

Certa vez, e por conta do seu espírito perspicaz e irônico, teve a “feliz” ideia de pregar uma peça nas pessoas que habitavam os arredores da igreja.  Ao cair da noite e quando já se preparava para terminar os seus afazeres como sacristão, resolveu deixar as cordas dos sinos pelo lado de fora do campanário e, logo no início da madrugada, agindo sorrateiramente, amarrou um apetitoso pedaço de carne nas pontas das cordas, e voltou imediatamente para casa, onde permaneceu à espreita do resultado da sua peripécia.

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Não demorou muito para que o delicioso petisco fosse ardorosamente disputado por um bando de cachorros vadios que, ao abocanharem a carne, fizeram soar vigorosa e descompassadamente os sinos, colocando em polvorosa a população que se viu abruptamente despertada por tremendo susto!

Nem seria preciso dizer o alvoroço que esse fato provocou, gerando as mais variadas e fantasiosas histórias. Alguns diziam que havia ocorrido um milagre, outros, ainda mais temerosos, afirmavam que era coisa de assombração.

E assim permaneceu por algum tempo com as pessoas a cada dia mais curiosas tentando entender a razão pela qual os sinos haviam sido inexplicavelmente badalados e de forma tão destoada em plena madrugada.

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Todavia e como sói acontecer em situações dessa natureza, a verdade foi descoberta e a peraltice do querido sacristão “Zé do Sino” acabou por lhe custar rigorosa penitência além de umas boas e merecidas palmatoadas, “delicadamente” aplicadas pelo Padre Vigário! Oh linda Terra de Araritaguaba / Das noites enluaradas / A reviver nas bandeiras / As tuas glórias passadas!

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