OPINIÃO
Submetidos ao isolamento social e jogados de uma hora para a outra no mundo das aulas on-line, os estudantes perderam a perspectiva de terem um ano letivo produtivo
Bruno Hoffmann
Publicado em 17/07/2020 às 19:39
Atualizado em 17/07/2020 às 19:44
Movimentação em sala de aula de escola em São Paulo / Sérgio Andrade/Governo do Estado de SP
Um dos principais (e terríveis) legados que a pandemia vai deixar quando passar será esse abismo na educação de milhões de jovens brasileiros em idade escolar.
Se sob o comando de Abraham Weintraub o Ministério da Educação já era um desastre, agora em meio a uma pandemia e frente a uma nova troca de comando, a quarta, o Brasil pode ter consequências drásticas na educação de uma geração inteira.
Submetidos ao isolamento social e jogados de uma hora para a outra no mundo das aulas on-line, os estudantes perderam a perspectiva de terem um ano letivo produtivo. Alunos, professores, escolas e governo, ninguém estava preparado para a educação a distância.
Em meio a uma emergência sanitária, o que era para ser planejamento virou improviso, e foi feito o que deu para ser feito. O resultado é que se estima que cerca de metade dos estudantes não volte à escola no retorno das aulas presenciais.
Fora a evasão escolar, essa pausa forçada terá outras consequências irreparáveis. Somente no estado de São Paulo são 3,5 milhões de estudantes na rede pública. Desses, 47% nunca acessaram o portal do governo criado para as aulas on-line durante a pandemia. Ou seja, parte daqueles que voltarem para a sala de aula em setembro não conseguirá alcançar o colega que tinha acesso à internet e que, pelo menos, manteve um ritmo de estudo.
Esses quase seis meses significam um precioso tempo perdido na vida acadêmica e formação desses jovens, principalmente, os que estão prestes a escolher uma profissão para ingressar no mercado de trabalho. A pressão pelo adiamento do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) deste ano não foi o suficiente para convencer o Ministério da Educação, que manteve a data em janeiro em vez de maio, como enquete com os estudantes mostrou que seria o ideal.
Não há como compensar todo o prejuízo a esses alunos, principalmente os de escola pública. A alfabetização, o aprendizado, o desenvolvimento, assim como o futuro, o trabalho e a carreira, já estão comprometidos. O que resta agora é contar com que o Ministério da Educação trace estratégias educacionais para diminuir os danos, não se preocupar com "kits gay", ataque às universidades públicas e outras polêmicas vazias e desgastantes que tanto tomaram conta das redes sociais nos últimos anos. A educação precisa de socorro e isso até o presidente Bolsonaro assumiu. É evidente e urgente.
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