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João Alberto foi espancando até a morte nas dependências do Carrefour, em Porto Alegre, no dia 19 de novembro | RS
Não há palavras que possam descrever a crueldade que é um homem ser espancado até a morte. Ainda mais quando o assassinato é por motivo fútil. E, atenção, a questão não envolve isentar se a vítima cometeu algum crime ou infração. Porém, profissionais, veja bem, pessoas que na teoria são capacitadas para lidar com situações de estresses e discussões, para agirem de maneira correta, em caso de agressão verbal, de furto, roubo ou coisa parecida, têm feito o contrário, mostrando total descontrole, maldade, enfim, barbárie.
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Às vésperas do dia em que se lembra a Consciência Negra e a luta contra o preconceito, um homem negro é brutalmente assassinado por seguranças brancos e com o aval de uma empresa privada, no caso, um supermercado, no qual a vítima estava na condição de consumidor. João Beto, ou Nego Beto, como era conhecido, de 40 anos, saiu na noite de quinta-feira, da casa onde morava em Porto Alegre, para ir ao supermercado com sua esposa e não voltou mais.
Um dos seguranças que espancou o homem até a morte é policial militar. Os dois suspeitos, um de 24 anos e outro de 30 anos, foram presos em flagrante por homicídio qualificado. Não há como justificar o injustificável. Se a vítima fez qualquer coisa errada o que se deve fazer é chamar a polícia. A ação covarde e fora de propósito é levar o sujeito para a garagem, longe dos clientes do supermercado e da esposa, e agredi-lo fatalmente.
Infelizmente é o modus operandi de uma sociedade racista, onde um homem negro é sempre pré-julgado culpado sem direito à defesa. E pelo julgamento dos homens brancos com um cargo de poder (no caso de segurança), ele tinha de ser punido mesmo antes de ser atestado seu crime ou sua culpa.
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João Beto não é o único, não foi o primeiro e dolorosamente não será o último a ser morto pelo fato de ser negro. A herança maldita do racismo vai passando de geração em geração. A vítima da violência é o negro, pobre, que mora na periferia. Por isso, é urgente os negros passarem a ocupar as carteiras das universidades, cargos de chefia e na política.
Cenas chocantes como essa deveriam ser cada vez menos frequentes. O que precisa se tornar frequente é a busca por soluções para combater o preconceito enraizado e estrutural, que faz do Brasil uma sociedade doente. Negar o racismo não leva a lugar algum, pelo contrário, nos faz retroceder em um círculo vicioso de ódio perene e gratuito.
Que o assassinato de João Beto não fique impune e seja ferramenta para despertar um Brasil mais justo e igualitário.
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