Linguagem neutra fere a língua portuguesa

A nossa língua é um patrimônio cultural que marca a identidade de nosso povo. Contudo, nos últimos tempos, pequenos grupos tentam ferir este que é um dos nossos maiores bens. A chamada linguagem neutra vem repercutindo nas redes sociais e na imprensa e tem como objetivo alterar pronomes, criando normas de flexão de gênero para "incluir" uma minoria que não se sente representada pela norma culta

Vejamos o exemplo do Colégio Franco Brasileiro, no Rio de Janeiro, que anunciou que adotaria a mudança numa circular enviada aos estudantes. No texto do comunicado, a expressão "queridos alunos" foi substituída por "querides alunes". Sim, um estabelecimento de ensino estava propondo este absurdo e não era apenas uma piada relembrando a forma de falar do célebre personagem do grupo "Os Trapalhões", o Mussum.

Sem mais nem menos, grupos extremistas estão querendo impor a extinção dos pronomes masculinos e femininos, pouco se importando com a norma culta da nossa língua portuguesa. Com a desculpa de que a mudança anularia as diferenças, a verdade é que ela apenas feriria as regras gramaticais, além de trazer dificuldades tanto para quem está iniciando sua alfabetização, quanto para os que já conhecem e praticam a linguagem culta por dezenas de anos.

Imagine os problemas práticos que teríamos ao ter que mudar as normas cultas do português, alterar livros didáticos, currículos escolares das redes públicas ou privadas, editais de bancas examinadoras de seleções e concursos públicos só porque uma minoria não se sente representada. Minoria, inclusive, que se baseia em infinitas possibilidades de gênero não existentes para defender essa ideia. Obrigar a sociedade a usar pronomes associados às ideias contra as quais se opõem, apenas por motivos ideológicos, não é apenas opressão, é inconstitucional!

Olhando somente para os próprios interesses, estes extremistas esquecem que a linguagem neutra traria grandes empecilhos para a linguagem inclusiva de deficientes visuais, além de provocar gastos desnecessários para adequação em um momento de crise como este que vivemos provocado pela pandemia de coronavírus.

Tentando evitar esses problemas, protocolei na Alesp um projeto de lei para proibir o uso de novas formas de flexão de gênero em currículos escolares de instituições de ensino e em editais de bancas examinadoras de seleções e concursos públicos. O projeto prevê que a Secretaria de Estado da Educação empreenda todos os meios necessários para a valorização da língua portuguesa culta em suas políticas educacionais e fomente iniciativas de defesa dos estudantes em casos de aplicação de formas destoantes às normas e orientações legais de ensino.

Parlamentares de outros estados também estão se mobilizando para evitar esse atentado contra a nossa língua e contra a imposição dessa ideologia aos jovens. O problema do preconceito não será extinto com essa imposição e os estabelecimentos de ensino não podem ferir nosso idioma ao educar a população.

Valorizar a norma culta da língua portuguesa é um dever de todos os brasileiros. O nosso maior patrimônio não existe para ser refém de grupos que pensam somente nos próprios interesses.

*Tenente Coimbra é natural de Santos/SP. Foi eleito deputado estadual com 24.109 votos pelo PSL