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Orquestra também convidou a cantora paraibana Helayne Cristini | Leonardo Siqueira | Gazeta de S. Paulo
A busca da ancestralidade e o legado para as novas gerações marcou a abertura do Festival de Literatura Internacional da Paraíba (Flip) na noite desta quinta-feira (27/11). Essa ligação entre passado e futuro se deu por meio de apresentações das culturas cigana, quilombola e indígena.
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Durante a cerimônia de abertura, a Orquestra Sanfônica Balaio Nordeste emocionou por cerca de uma hora o lotado Centro Cultural São Francisco, em João Pessoa, com os clássicos do forró nacional e a potente voz da filha de Vital Farias, conhecido por suas "sagas brasileiras" em forma de canção.
O 2º FliParaíba propõe um reencontro com "a terra e com as vozes que a habitam". Ligar a ancestralidade com às redes digitais, dos cantadores aos escritores. A proposta curatorial defende a literatura como campo de disputa simbólica e como lugar de memória, escuta e invenção coletiva.
Em uma das apresentações, uma mulher dançava com um traje flamenco ao som do violão. Ocasionalmente, a dança era interrompida por discursos em Calon — um dos dialetos cigano:
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“Guardo na memória todos os ensinamentos. Tentaram nos calar, nos silenciar, mas hoje estou aqui na arte, tradição e amor do povo cigano. Celebrando aqui futuras gerações para que as oportunidades que chegam até elas sejam outras”, traduziu a escritora e pedagoga Marcilene Alcântara ao microfone.
A dançarina veio do município de Sousa, no interior da Paraíba, a cerca de 430 km de João Pessoa. A cidade possui a maior comunidade cigana da América Latina, cerca de 300 famílias da etnia Calon.
No Brasil, existem três principais grupos: Calon, mais numerosos, com cerca de 500 mil pessoas, vindos principalmente da Península Ibérica; os Rom, que possuem origem na Europa Central e Leste; e os Sinti, vindos especificamente da Alemanha, França e Itália.
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Quando questionada pela reportagem da Gazeta se a juventude abraça a comunidade cigana, Alcântara confirmou dizendo que o festival permite essa ligação.
O grupo consegue combater os estereótipos do passado, mas ainda percebe o preconceito no território e principalmente no acesso ao trabalho.
Alcântara escreve para o público infantil desde 2024. Para ela, o Festival é muito importante para difundir a arte cigana e paraibana.
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“A minha vontade de escrever nasceu ao não ver nos livros escolares, quando eu era estudante, personagens ciganos. Por muito tempo eu me senti invisível”, explicou.
A abertura oficial contou com a apresentação da Orquestra Sanfônica Balaio Nordeste, fundada em 2011 a partir de oficinas promovidas pela Associação Cultural Balaio do Nordeste.
Em um ponto final da apresentação, o Maestro Lucílio Souza emocionou grande parte da antiga igreja ao chamar a filha de Vital Farias, Anita Vilar, para cantar Veja Margarida, composição do seu pai, eternizada pela voz de Elba Ramalho.
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Vital Farias foi um grande compositor paraibano que ficou conhecido pelas músicas que retratam a cultura nordestina. Fez parcerias com outras grandes artistas como Geraldo de Azevedo, Xangai e Elomar.
No espaço do Centro Cultural São Francisco, foi possível ver autores expondo os seus livros ou lendo seus poemas para o público.
Para o lançamento do livro de poemas surrealistas Beijos de Abracadabra, a professora Anna Apolinário acredita que o Festival expõe a potência paraibana para visitantes lusófonos.
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“Estou aqui divulgando para levar a pluralidade, diversidade e potência que a Paraíba tem tanto na poesia quanto na prosa, sobretudo com mulheres, que estão transformando a cena literária”, afirmou a poeta.
A pluralidade ficou visível durante todo o evento com a apresentação de coco de roda do Coletivo Cultural Caiana dos Crioulos e o toré indígena do grupo paraibano Toré Tabajara.
No final do dia, um painel com os organizadores do evento foi criado para que eles pudessem discursar e inaugurar o festival. Além do curador José Manuel Diogo, estavam presentes o secretário de cultura de Portugal, Alberto Santos, e o governador da Paraíba, João Azevedo (PSB). O festival segue até sábado (29/11).
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