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Aluno do curso de Direito na Universidade Presbiteriana Mackenzie usou símbolo nazista em vídeochamada
16/09/2021 às 16:19
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Unidade do Mackenzie no centro de São Paulo | Reprodução/Google Street Views
Aluno do curso de Direito na Universidade Presbiteriana Mackenzie, com sede na Capital, usou símbolo nazista como protesto antivacina.
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O episódio ocorreu na quarta-feira (16) na vídeo aula de Laboratório de Direito Público.
A imagem trazia uma suástica formada por seringas, fazendo alusão à vacinação.
"Nós servidores públicos fomos obrigados a tomar vacina nessa semana", disse o aluno, por escrito, ao seu confrontado por colegas e pelo professor. "Estou sendo vítima do nazismo nesse exato momento. Esse é o meu protesto", afirmou ainda.
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O aluno se identificou apenas como "Rafael" -o que levou seus colegas a pensarem, inicialmente, que se tratava de um invasor. "Eu sou aluno, professor", rebateu.
"Tem um problema aqui relacionado à imagem que você está usando. A imagem da suástica", afirmou o professor Helcio Dallari, que ministrava a aula. Em seguida, o aluno afirmou se tratar de uma "suástica de seringas", ao que o professor respondeu: "É, mas o símbolo da suástica não é um símbolo aceitável. Seria melhor você alterar."
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"Não vou nem entrar na discussão, o porquê que você está usando isso aí, mas enfim. O símbolo da suástica não tem respaldo", seguiu Dallari. "Se eu tivesse reparado antes, já teria até mencionado. Não sei quem deu o alerta aí, eu agradeço. É uma questão de trocar essa imagem. Já está identificado, é aluno, mas enfim, não dá para usar esse símbolo, não."
O episódio foi registrado em vídeo e em imagens e gerou comoção na comunidade acadêmica. Os alunos do décimo semestre do curso de direito, que assistiam à aula, pedem a suspensão do colega e dizem ter acionado o Ministério Público.
"Nos sentimos profundamente ofendidos, principalmente diante do atual cenário de instabilidade política", afirma a turma em abaixo-assinado.
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O Centro Acadêmico João Mendes Jr., entidade que representa os alunos de direito do Mackenzie, também se manifestou. "Em um país que se aproxima de 600 mil mortos vítimas da Covid-19 e que tem como única medida efetiva de contenção da pandemia a vacinação, a associação da vacina à suástica nazista é inadmissível", afirma em nota.
"O Centro Acadêmico João Mendes Júnior repudia veementemente toda e qualquer forma de racismo, sobretudo no curso de um período inegavelmente delicado da história nacional, com constantes ameaças democráticas e proliferação massiva de discursos de ódio, e sobretudo na semana que marca uma das datas mais importantes e sagradas para o judaísmo: o Yom Kippur", segue.
Procurada, a Universidade Presbiteriana Mackenzie diz que foi aberto um processo disciplinar de apuração do caso "de maneira completa e exemplar, garantindo também o amplo direito de defesa". "A partir dos resultados da averiguação, decidiremos as atitudes cabíveis, de acordo com o Código de Ética e regulamentos da UPM", diz a instituição em nota.
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"A Universidade Presbiteriana Mackenzie repudia fortemente toda atitude de discriminação, bem como não tolera protestos que ofendam pessoas ou grupos sociais, sob quaisquer circunstâncias", segue.
"Há 150 anos, o Mackenzie tem se identificado diante da população brasileira como instituição confessional cristã reformada, que defende o respeito entre todos os cidadãos, sem qualquer distinção, lutando pela convivência harmoniosa na sociedade, baseada na verdade, na justiça e no amor ao próximo", diz ainda.
O aluno não foi localizado pela reportagem.
Em dezembro de 2018, o Mackenzie expulsou o estudante Pedro Bellitani Baleotti depois da repercussão de vídeo em que ele aparecia dizendo "Tá vendo essa negraiada? Vai morrer! Vai morrer!". Os insultos eram em referência a duas pessoas negras em uma moto no trânsito de São Paulo.
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Aluno do décimo semestre do curso de direito, Baleotti foi suspenso em outubro daquele ano.
Em vídeo gravado por ele mesmo, o jovem dizia que estava indo votar "ao som de Zezé, armado com faca, pistola, o diabo, louco para ver um vadio, vagabundo com camiseta vermelha e já matar logo".
Na parte final da gravação, ele filmou duas pessoas negras em uma moto e afirmou: "Tá vendo essa negraiada? Vai morrer! Vai morrer! É capitão, caralho", numa referência ao então candidato à Presidência Jair Bolsonaro.
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Depois que a gravação viralizou, o jovem foi identificado por colegas da universidade e virou alvo de protestos. Mais de mil alunos se reuniram nos períodos da manhã e da noite para cobrar providências e a punição do universitário. Ele também foi demitido do escritório em que atuava como estagiário.
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