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Plataforma permite o compartilhamento e cruzamento de dados biológicos, facilitando a identificação e o rastreamento de agentes infecciosos | Whaldener Endo/Wikimedia Commons
O Brasil acaba de lançar o primeiro banco de dados virtual nacional com informações sobre amostras biológicas da fauna, uma iniciativa pioneira voltada à prevenção de surtos de doenças que afetam humanos e animais.
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O objetivo é criar uma rede colaborativa de vigilância e resposta rápida a ameaças sanitárias e ambientais.
Esse sistema, chamado Biorrepositório Nacional da Biodiversidade (Bionabio), reúne e organiza dados sobre materiais como sangue, tecidos e pelos de animais armazenados por laboratórios e instituições em todo o País.
A plataforma pode ser acessada por pesquisadores, universidades, unidades de saúde pública, laboratórios e entidades ambientais.
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O projeto é liderado pelo pesquisador Ricardo Dias, da Universidade de São Paulo (USP), com apoio do Instituto Todos pela Saúde (ITpS) e da Fapesp, além de contar com a colaboração de instituições como Fiocruz, ICMBio, Secretarias de Saúde e Centros de Vigilância de Zoonoses.
A plataforma permite o compartilhamento e cruzamento de dados biológicos, facilitando a identificação e o rastreamento de agentes infecciosos. Por exemplo, se for detectado um surto de gripe aviária em determinada região, pesquisadores podem consultar o Bionabio para verificar amostras semelhantes em outras localidades e acompanhar a evolução do vírus.
“A infraestrutura física é essencial, mas sem organização informacional, essas amostras perdem valor”, explica Ricardo Dias, pesquisador da USP.
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Atualmente, o sistema está em fase de captação de dados sobre amostras armazenadas em diferentes laboratórios. A meta é cadastrar mil espécies até o fim do ano. O potencial, no entanto, é muito maior: em uma única oficina técnica com cem instituições, foram identificadas amostras de mais de 60 mil espécies já disponíveis.
Outro destaque do projeto é a criação de protocolos padronizados para coleta, armazenamento e transporte das amostras. Muitas vezes, os materiais chegam aos laboratórios com dados incompletos ou em condições inadequadas, comprometendo seu uso científico.
“É comum as amostras chegarem apenas com a data de coleta. Mas saber de onde veio, que órgão foi coletado, o método utilizado e a localização exata é tão importante quanto o material em si”, explica Anderson Brito, virologista e coordenador científico do ITpS.
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Os metadados, informações detalhadas sobre a amostra, são fundamentais para garantir que o diagnóstico de uma doença possa ser conectado ao animal, ao local e ao momento em que ela surgiu, fortalecendo a vigilância epidemiológica.
O Bionabio também prevê que, quando um diagnóstico laboratorial for concluído, ele seja automaticamente compartilhado com toda a rede. Casos como o de influenza aviária altamente patogênica em aves silvestres, por exemplo, poderão emitir alertas nacionais em tempo real.
As informações são armazenadas com segurança e regras de custódia. O envio de dados é feito de forma anônima, protegendo o pesquisador e reduzindo resistências internas na comunidade científica.
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“Esse sistema quebra um paradigma de desconfiança entre laboratórios. Mesmo que um órgão oficial saiba do compartilhamento, o pesquisador não se expõe pessoalmente”, afirma Dias.
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