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Cotidiano

Da pandemia ao pandemônio

A opinião de Nilton César Tristão sobre a política brasileira

Bruno Hoffmann

19/05/2020 às 01:00  atualizado em 19/05/2020 às 11:49

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Nelson Teich deixou o Ministério da Saúde nesta sexta-feira (15)

Nelson Teich deixou o Ministério da Saúde nesta sexta-feira (15) | Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O ex-ministro da Saúde, Nelson Teich, tornou-se a recente vítima do universo da pós-verdade, período em que a narrativa intuitiva se impõe à abordagem científica, a construção mítica subjuga a sistemática axiomática e o espírito da coesão é substituído pela cumplicidade impositiva. Uma dimensão que anula a razão dos fatos, dando voz a discursos excêntricos, tal como a do presidente de Belarus, Aleksandr Lukashenko, que indica a ingestão de vodka como fórmula capaz de impedir o contágio pelo Covid-19; circunstância análoga ao da obsessão de Jair Bolsonaro pelo fármaco hidroxicloroquina, que igualmente transforma estudiosos renomados e formuladores de tratados epidemiológicos em meros expectadores dos delírios negativistas.

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Como dizia Herbert Vianna: "... discurso reticente, novidade inconsistente e a liberdade cai por terra, aos pés de um filme de Godard". Todos esses imperativos vêm sendo consubstanciados por uma classe média inculta, egoísta e soberba, que pretende reconstruir os pilares da república e o ordenamento social à sua imagem e semelhança, pavimentando as vias que afunilam no estreito da tragédia humana, em nome de uma pseudo preservação de fundamentos econômicos que desconhecem. Parece hipnotizados por novos flautistas de Hamelin pelas redes de fake news.

Em curto prazo essas ações terão como consequência a derrocada do isolamento e distanciamento social e a consequente ascensão em progressão geométrica da contaminação viral. Em síntese, caso os brasileiros inebriados pelo cântico do ódio palaciano, crentes na ação do líder como fonte regeneradora da moralidade cristã, não sejam trazidos ao mundo da sanidade mental e responsabilidade coletiva, toda a nação adentrará num longo período de provações, com custos imensuráveis e anos de superação.

Estamos no limite para colocarmos a cabeça no lugar e pararmos de contrariar as evidências demonstradas Nelson Teich e Luiz Henrique Mandetta. A dor da perda será o preço pago pela incredulidade, as reminiscências póstumas do ano de 2020 converter-se-á na lembrança da conduta míope e servil afagada pelas mãos da irracionalidade, e o destino da pátria a transformação em referência nefasta de mau comportamento perante o resto do planeta.

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*Nilton Cesar Tristão é cientista político do Instituto Opinião Pesquisa e GovNet

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