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William Júnior em uma de suas viagens como nômade digital | Arquivo Pessoal
Nascido em Santos e morador do Guarujá por 11 anos, William Soares Júnior, de 39 anos, disse sempre pensar e refletir sobre a vida. Formado em Processamento de Dados pela Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo (FATEC) e tendo cursado Audiovisual na Universidade de São Paulo (USP), tinha um bom emprego e morava atualmente na principal capital do País (São Paulo). Mas, para ele, essa não era a forma justa de viver. E esse questionamento o fez se tornar um nômade digital.
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Na definição popular, nômade digital é aquela pessoa que trabalha com tecnologia de forma remota, sem depender de um trabalho fixo, pagamento no 5º dia útil e tudo mais. Ele só precisa de uma conexão com a intenet, entrega a sua demanda normalmente, mas vive no nomadismo.
"Continuo trabalhando com produção de vídeos para algumas empresas, mas são demandas avulsas e em menor quantidade de quando eu trabalhava em um escritório. Eu faço o meu próprio tempo, crio a minha rotina e vivo da maneira que considero justa", explica Júnior.
Viver da maneira que considera mais "saudável" e "justa", na sua visão, é não ficar refém de um sistema que te explora em troca de salários muitas vezes baixos.
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"Entendo que seja uma forma de escravidão. Claro, não tão direta como era no passado, com os negros, mas vejo que hoje em dia, da forma como é desenhada e sistematizada, é uma escravidão moderna. E eu cansei disso. Cansei de trabalhar 40 horas por semana para um capitalista, tendo que cumprir horários e ver a minha vida limitada em muitos aspectos", conta.
Júnior deixa claro que é contra o sistema capitalista e a distribuição social desigual de renda, e com a quantidade de bilionários que existem no mundo.
"Deveria haver uma limitação de acúmulo de riquezas. Enquanto poucos exploram a grande massa e podem usufruir dos melhores médicos, melhores hospitais, viajar para qualquer lugar do mundo e comer nos melhores restaurantes, outros - a maioria - lutam diariamente para pagar suas contas e se alimentar. É a minha opinião. É injusto", aponta.
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Nomadismo
Ele conta que foi em uma viagem à Patagônia, junto com um amigo, que o "start" para uma vida dentro do nomadismo surgiu em sua mente.
"Fiquei deslumbrado com aquele lugar e me questionei: por qual motivo eu não poderia ficar aqui? por qual razão não pude vir aqui antes? Voltei dessa viagem, trabalhei mais um tempo e já fiquei com a cabeça voltada ao nomadismo. Passei a vender minhas coisas (o que não foi fácil) e a me desprender do sistema. Foi todo um processo até os dias de hoje", lembra.
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Foi em março de 2022 que Júnior deu o pontapé inicial na sua nova forma de viver. Foi para a Bahia e lá encontrou seu primo, formado em medicina também pela USP e que deixou a profissão de lado pelo nomadismo, morando em um veleiro com seu cachorro. Juntos, passearam por vários lugares ao longo de três meses.
"Já fazia meus trabalhos com edição de vídeos de forma remota e, de barco, fomos para o Espírito Santo, Cabo Frio e Rio de Janeiro. Eu não conhecia o Rio e chegar lá pelo mar foi uma das experiências mais incríveis que tive. Ancoramos na Urca, um dos locais mais caros para se viver, mas não gastamos nada. Ficamos um tempo ali, em um ponto privilegiado, morando dentro do veleiro", relembra.
Como nômade digital Júnior não viajou apenas pelo Brasil. Esteve na Colômbia, mais precisamente em Medelín e Cartagena das Índias.
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"No trajeto você vai conhecendo outros nômades e assim se formam as comunidades. Tem a galera que faz artesanatos e se mantém disso, os que tocam instrumentos, cantam e os que fazem voluntariado. Muitos trocam sua arte e seu trabalho por hospedagem, por exemplo. E assim vivem da sua maneira e de forma mais leve e conectada consigo", explana.
Não é fácil
Além da dificuldade já dita anteriormente em se desfazer das suas coisas e mudar a sua forma de viver, Júnior, que hoje está novamente em São Paulo, comprou uma Kombi e a está adaptando ao seu jeito - como gosta de cozinhar, está montando uma cozinha bacana, banheiro etc. - cita que a maior dificuldade tem sido se manter um pouco distante de Bebê e Pichula, seus dois gatos de estimação, que hoje estão na casa da sua ex-mulher.
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"Eu amo meus bichinhos e essa é uma questão do nomadismo que ainda estou tentando me adaptar, já que preciso garantir a segurança para que eles viajem comigo. Quando estou pela Capital, eu os vejo com certa frequência. Mas não estou sempre aqui, entende? O Bebê é mais apegado em mim e estou vendo a possibilidade de levar ele comigo em uma viagem e observar sua adaptação. Mas ficar longe deles é uma dificuldade enorme para mim", finaliza.
Júnior tem um canal no Youtube onde mostra como tem sido a sua nova rotina no nomadismo digital. Para dar uma conferida nos seus vídeos, basta clicar aqui.
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